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Depois da bonança, chegou a tempestade!

Se “poupar o pouco, para garantir o amanhã” foi uma lição aprendida pelos moçambicanos na última quadra festiva, nada nos garante que, perante o custo de vida cada vez mais crescente, tal (ensinamento) irá surtir o efeito desejado. Os bolsos estão furados. Depois da azáfama da quadra festiva, é chegada a hora de se virar as atenções para novas necessidades: matrículas referentes ao novo ano lectivo e a compra de material escolar.

Para quem consegue matricular, dada a falta de vagas, a festa é mesmo grande. Mas, logo a seguir, abre-se um novo capítulo, a compra do material escolar.

Em cada esquina, onde se vende material escolar, existe um denominador comum. São longas filas, que vezes sem conta vão além dos limites físicos dos estabelecimentos de venda, papelarias e livrarias.

Enquanto uns preferem fazer as suas compras nas papelarias e livraria, outros vêem o “Dumba-Nengue” como uma opção viável.

Por exemplo, na Papelaria Sebenta, localizada no centro da cidade, o preço do material escolar é de ameaçar a muitos dos que a têm como o local ideal para a aquisição de material escolar.

À entrada daquele estabelecimento interpelámos o senhor Constâncio Machaca, cujo depoimento reflecte esse susto. Surpreende-lhe que uma pasta de costas para a filha custe 600 Meticais. Não tendo valor suficiente para o efeito, acabou por não comprar.

De qualquer modo, Constâncio pôde sentir-se consolado ao saber que os preços praticados na Papelaria Sebenta são acessíveis quando comparados com os da Papelaria Visão Académica. Nesta última, a pasta de que falamos custa 750 Mts.

Cidadão abordados pelo nosso jornal foram unânimes em afirmar que apesar de comprar os produtos da Papelaria Sebenta, os preços por si praticados não são acessíveis para um cidadão comum.

Naquele estabelecimento, para que se compre material escolar completo – só para uma criança – precisar-se-ia de 1500 Meticais, mais que a metade do salário mínimo no país.

Por outras palavras, 1500 Meticais equivale à aquisição de um estojo infantil, um caderno de 80 páginas, uma esferográfica, borracha, afiador, corrector, cola, uma caixinha de lápis de cor e uma pasta de costas.

Que alternativas?

Perante o elevado custo do material escolar nas papelarias de referência, ao nível da cidade de Maputo, surgem alternativas que salvam o bolso do cidadão mal pago. São os vendedores informais. Na baixa da cidade de Maputo, os vendedores informais aplicam preços que parecem ter aceitação de todos.

Contrariamente às papelarias, os preços aplicados pelos informais são aparentemente mais baixos. Basta reparar que um estojo que na papelaria Sebenta custa 185 Mts, na Rex 165 Mts, nos passeios da Baixa de Maputo pode ser comprado a 100 Mts, com direito a desconto.

Por outro lado, as pastas de costas que nas papelarias variam de 600 a 800 Meticais, no mercado informal as mesmas podem ser adquiridas entre 300 Mts e 500 Mts.

O barato pode sair muito caro Convencidos de que os preços aplicados no mercado informal são mais acessíveis, quando comparados com os praticados nas papelarias acima referidas, maior parte das pessoas opta por adquirir o material escolar no mercado informal.

Contudo, reza o adágio popular que “o barato sai custa caro”, sobretudo quando não se avalia o conteúdo e a qualidade do material que se adquire.

O @Verdade – com a ajuda de um especialista – avaliou o estojo que é vendido nas ruas de Maputo e, chegou à conclusão de que o material que o compõe não é (mais) recomendado para as aulas da disciplina de Desenho.

Por exemplo, o compasso que se vende na rua é feito de material plástico enquanto que o das papelarias Rex é metálico.

Em relação às pastas, a conclusão a que se chegou é de que as linhas usadas na sua fabricação – quando, novamente comparadas com a das pastelarias – não possui muita qualidade.

De qualquer modo, a questão da fraca qualidade não (tão pouco) incomodou a Matias Lumaque, pai de dois filhos, que depois de adquirir uma parte do material na rua, comentou que o fez consciente.

“Sei que isto não tem muita durabilidade, mas o que dura tem o seu preço e eu não tenho como pagar. Ganho pouco menos de cinco mil meticais por mês”, desabafou em seco.

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