Mais de 40.000 russos se inscreveram para protestar em Moscovo no sábado contra uma contestada eleição, rejeitando as promessas do Kremlin de mudanças políticas que poderiam diminuir o controle do poder de Vladimir Putin. O comício segue-se a protestos de dezenas de milhares de pessoas em toda a Rússia em 10 de dezembro, e tem por objetivo fazer pressão sobre o primeiro-ministro, que vem respondendo com concessões mínimas e parece confiante em vencer uma eleição presidencial em março.
Reunindo liberais, nacionalistas, anarquistas, ambientalistas e a juventude urbana, organizadores do protesto lutaram para chegar a um acordo em como proceder, realizando longos debates sobre quem deveria discursar ou liderar o movimento. Terminaram criando uma lista de 19 porta-vozes, que inclui o ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev, o blogger anticorrupção Alexei Navalny, o cantor de rock Yuri Shevchuk e o escritor Boris Akunin.
A mensagem deles é clara. O resultado de uma votação on-line sobre que slogans colocar nos 2.000 balões do comício foi definitivo: “Você não nos representa!” foi o mais popular, seguido de “Você nos enganou!” e “Não vamos parar!”. “Tenho certeza absoluta de que até um milhão de pessoas estão prontas para tomar parte nesses comícios… Eu vejo o humor do povo”, disse Navalny, que cunhou a frase “o partido de enganadores e ladrões” para descrever o partido Rússia Unida de Putin. “Eles roubaram cerca de um milhão de votos. E isso só em Moscovo. Eu acho que essas pessoas estão completamente insatisfeitas com o que aconteceu e estão prontas para defender seus direitos, inclusive saindo às ruas”, disse à Reuters.
A oposição rejeitou esforços conciliatórios de Putin e do presidente Dmitry Medvedev, dizendo que eles ignoraram sua principal exigência por uma nova eleição parlamentar, que em 4 de dezembro deu uma estreita maioria ao partido da situação, o Rússia Unida. A oposição diz que o Rússia Unida beneficiou-se de irregularidades na votação e os monitores internacionais disseram que a votação foi manobrada em favor do partido da situação.
Medvedev prometeu na quinta-feira relaxar o controle sobre o Kremlin, incluindo medidas para restaurar a eleição de governadores regionais e permitir que metade das cadeiras na Câmara Baixa da Duma (Parlamento russo) fosse eleita diretamente nas regiões.