Carros-bomba explodiram em Damasco nesta sexta-feira, disseram autoridades, matando 40 pessoas no pior episódio de violência na capital síria em nove meses de rebelião popular contra o presidente Bashar al Assad. Os ataques, que a imprensa estatal creditou à al Qaeda, atingiram duas instalações de segurança e ocorreram um dia após de representantes da Liga Árabe chegarem à Síria para preparar uma missão de monitoramento que avaliará a implementação de um plano de paz para por fim ao derramamento de sangue.
Assad destacou tanques e tropas para tentar conter uma onda de protestos contra seu governo, inspirados em outras revoltas árabes neste ano. A maioria dos protestos pacíficos estão sendo ofuscados pela insurgência armada contra seu aparato militar e de segurança. Mas as explosões desta sexta-feira no centro de Damasco sinalizam uma dramática escalada da violência, a qual as autoridades sírias responsabilizam grupos armados que teriam matado 2 mil soldados e forças de segurança desde que a revolta popular começou em março.
A televisão estatal informou que mais de 150 pessoas ficaram feridas nas explosões. O canal exibiu imagens de corpos a serem levados em lençóis em ambulâncias. As imagens monstraram também ruas ensanguentadas com partes de corpos humanos, carros destruídos e outros destroços, e uma fila de corpos enrolados em lençóis. A TV síria disse que os ataques se concentraram em um prédio da administração estatal de segurança e uma delegacia local.
A Síria tem impedido o acesso da imprensa estrangeira no país, dificultando a confirmação dos relatos de ambos os lados. O porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do país, Jihad Makdesi, disse que os ataques foram realizados por “terroristas (que tentam) sabotar a vontade de mudança” na Síria, e seguiu alertas do Líbano de que militantes da al Qaeda se infiltraram na Síria vindos de território libanês. Nenhum grupo se responsabilizou pelos ataques.
A Organização das Nações Unidas (ONU) afirma que as forças de Assad já mataram mais de 5 mil pessoas na repressão aos protestos iniciados em março, como parte da chamada Primavera Árabe. Nos últimos meses, a intensificação da violência dá ao conflito ares de guerra civil.
Os protestos contra Assad tomam conta do país inteiro, mas o centro de Damasco e a importante cidade de Aleppo (norte) permanecem relativamente tranquilas. No mês passado, uma pequena explosão perto de um prédio da inteligência síria na capital causou poucos danos.