Desde sempre, a maior literatura de todos os tempos produziu uma noção maniqueista sobre o consumo do álcool. No entanto, depois da festa da cerveja, a DK Eventos – que ultimamente se manifesta comprometida com a promoção do álcool – protagoniza o Mozambique Wine Festival (MFW). O evento encerra sexta-feira a noite em Maputo.
É caso para – enquanto a quadra festiva do fim do ano não terminar – se ficar atento ao comportamento dos moçambicanos, face ao consumo do álcool. Mas antes, vale recordar os pólos – positivo e negativo – que tornam o conceito bíblico sobre consumo do álcool o mais completo e sugestivo, ainda que maniqueista.
“…usa de um pouco de um pouco de vinho por causa do teu estômago e dos teus frequentes casos de doença”, diz para, em meia volta e, encontra-censo a isso alertar: “Não olhes para o vinho quando apresenta uma cor vermelha, quando está cintilando no copo, quando escorre suavemente. No fim ele morde igual a uma serpente e segrega veneno igual a uma víbora”.
O arquitecto da bíblia – que sem dúvida é igualmente o maior sempiterno – não se esqueceu de referir as consequências do excesso. “Teus próprios olhos verãos coisas estranhas e teu próprio coração falará coisas perversas”. De qualquer modo, em geral, isso acontece quando o consumo é despudorado, excessivo, recorde-se.
No entanto, se a DK Eventos (uma instituição moçambicana vocacionada em Gestão, Produção e Consultoria); se os consumidores do álcool, muitas vezes, têm (ou têm tido) esses factores em conta sempre que se relacionam com bebidas alcoólicas provavelmente não seja muito importante para as pretensões a primeira instituição.
Na verdade, o objectivo do Mozambique Wine Festival é mesclar produtores, distribuidores do vinho de três países – Moçambique, África do Sul e Portugal – num encontro (informal) de negócio com vista a degustar da diversidade de vinhos que se produz na terra. No mesmo diapasão, estabelecer relações comerciais e de negócios entre os três países. O que, em outras palavras, significa que o Mozambique Wine Festival – que esta noite ganha corpo no Polana Serena Hotel – é um encontro de business. No entanto, para suavizar a carga (algumas vezes pesada) que marca os encontros dos homens de negócio, os mentores da iniciativa associaram ao evento alguns artistas (moçambicanos) que exploram o Jazz Music, com destaque para Zoco Dimande, Rahima e Noémia Serafim.
Os expositores
A primeira edição do MWF junta Moçambique, África do Sul e Portugal, países que far-se-ão representar, respectivamente, pela Lusovinhos, Digitel e Mercury. Aliás, esta ultima instituição afigura-se como a maior expositora quando comparada com as demais na medida em que coloca em montra inúmeras marcas e sabores de vinhos produzidos por um tola de 10 caves – o mesmo que empresas de vinho – portuguesas.
Por sua vez a sul-africana Digitel, produtora da Amarula, Brandes, Wiskys, Vodka, bem como algumas marcas de cerveja, coloca em mostra vinho Nederburg. No entanto, na ocasião da apresentação da iniciativa, @Verdade conversou os expositores que – de um evento que se organiza há cerca de três meses – esperam que “contribua para uma melhoria e maior apetência pela evolução da indústria do vinho em Moçambique” até porque neste sentido “apoiamos a DK Eventos na prossecução da iniciativa, pela crença de que o MWF pode ser uma mais-valia para o conhecimento das melhores marcadas das diversas caves portugueses”, disse João Lopes, o director geral da Mercury.
Por sua vez, Fernando Coutinho da Digitel rumou pelo mesmo trilho, acrescentado que “é mais uma oportunidade para promover os nossos produtos. Mas também será uma forma de aprender – com a experiência deste ano – para preparamos a edição de 2012 introduzindo mais marcas de vinho”.
Porquê de uma festa vinho
Partindo do contexto global – marcada por crises económicas e financeira – questionámos aos organizadores da festa do vinho se haveria alguma relação na execução do evento com a referida, crise assim como o comportamento económico daquele produto no mercado.
De qualquer modo, é sábio partir do pressuposto de que nos dias que correm contrariamente à algumas bebidas alcóolicas – muitas das quais mortíferas cujo consumo é propalada no país – actualmente o vinho é entendido como um produto não de consumo massivo. Trata-se de um consumido moderado, sempre dentro de enquadramento social. Portanto, um produto (sempre) presente nos eventos sociais das sociedades modernas/contemporâneas.
Ora, o facto de não se tratar de um produto de consumo de primeira necessidade, o consumo do vinho podia – mesmo na Europa – não se ressente tanto da crise internacional que açoita o mundo, sobretudo no ocidente e, com consequências desastrosas em África. De qualquer modo, se considerar-se que as medidas de austeridade – no consumo – recaem sempre nos produtos necessidade secundária/terceária então, o consumo do vinho se ressente de certa forma da crise internacional.
Por isso, “a iniciativa do Mozambique Wine Festival acaba sendo oportuna, na medida em que servirá para a divulgação e promoção de alguns produtos vinícolas dos países participante, explicando-se o seu conceito, sua origem”, comenta João Lopes.
O grande brinde
De acordo com Kelver Inácio da DK Eventos, para aceder ao Mozambique Wine Festival não envolve custos monetários. Basta, apenas que o candidato a participar do evento se cadastre a partir do formulário existente na página Web MWF. Mais interessante ainda é que “todo o vinho exposto no festival não será objecto de venda, mas sim, unicamente será alvo de prova por parte dos participantes”.
Por outro lado, os participantes ao aceder os bilhetes a partir da internet candidatam-se a tomar parte do concerto dos UB40, na África do Sul ainda este ano. “As reservas online habilita a organização a ter uma ideia clara de quantos pessoas tomarão parte do evento, garantindo melhor organização. Uma forma de criar mediadas preventivas para que a aderência excessiva não atrapalhe o evento”, realça.
Recorde-se que ainda neste ano a DK Eventos levou a cabo entre outras iniciativas a Gala Mulher Empreendedora, bem como a Festa da Cerveja. Sendo que – no cômputo das actividades desencadeadas em 2011 – o MWF uma forma de juntar produtores e distribuidores internacionais de vinho no país, mas também a todos os actores que participaram no anal daquela instituição. Um investimento monetário de mais de meio milhão de Meticais foi feito para a execução desta iniciativa – que se afigura como inovadora – num país sem (grande) tradição no consumo de vinho, como Moçambique.