A Universidade Lúrio (UNILURIO) resgatou o sonho do primeiro Presidente de Moçambique independente, Samora Machel, de edificar uma cidade em Unango, no distrito de Sanga, na província de Niassa, norte do país.
Jorge Ferrão, Reitor daquela instituição pública de ensino superior sedeada na província em Nampula, região norte do país, disse que para a iniciativa ganhar corpo, a UniLúrio decidiu, em finais de 2010, edificar o seu campus assim como outras infra-estruturas de interesse económico e social em Unango.
Segundo a AIM, Jorge Ferrão diz que a iniciativa se deveu ao facto de Unango dispor de um forte potencial para o desenvolvimento de actividades académicas de investigação, para diversas áreas científicas com destaque à de engenharia florestal.
”Samora visitou Unango, um espaço localizado entre duas grandes montanhas e um pequeno monte no meio numa, figurino que dá entender que se trata de dois “monstros a disputar um filho”, facto o levou a achar que reunia condições para se edificar uma cidade”, explicou Ferrão.
Para levar avante a ideia de transformar este sonho de Samora Machel em realidade, a UniLúrio, em coordenação com seus parceiros, está já investir cerca de 140 milhões de meticais (cerca de cinco milhões de dólares) na construção do edifício administrativo com 30 compartimentos, nove salas de aulas, um laboratório e uma sala de informática.
Na prossecução deste ideal, Ferrão revelou que a instituição que dirige está também a edificar, no local, um lar de estudantes de dois pisos com 40 quartos cujo primeiro piso alojará estudantes do sexo feminino e o segundo reservado aos do sexo masculino.
Em paralelo, a UniLúrio está a edificar, em Unango, casas pré-fabricadas para alojar os funcionários e docentes, refeitórios para os estudantes e professores, uma sala multiuso de reuniões e conferencias e campos de jogos.
”Já temos instalado no local um campo experimental com diferentes espécies florestais e estamos a plantar experimentalmente o feijão e outras espécies vegetais”, acrescentou Ferrão.
Para que a cidade ganhe corpo, segundo Ferrão, a UniLúrio já construiu uma linha de transporte de energia a partir de Maluli para Unango.
A empresa Telecomunicações de Moçambique (TDM) está já montar um terminal de fibra óptica para garantir o acesso deste ponto do país a internet.
”Nunca o distrito de Sanga teve internet. Portanto estamos a criar todas as infra-estruturas necessárias para servir todo o distrito e atrair todas as atenções da classe empresarial e outros investidores para o local, garantindo deste modo que a edificação da cidade se torne realidade”, destacou Ferrão.
Na área de serviços complementares, a UniLúrio está em contacto com o Banco Comercial e de Investimentos (BCI) para montar uma dependência em Sanga, porque até ao momento, segundo Ferrão, o distrito não dispõe de nenhuma instituição bancária.
No local está também em curso a edificação de um posto médico, posto policial e uma espécie de padaria e pastelaria tendo em conta que, só a universidade, prevê consumir cerca de mil pães por dia.
O reitor revelou que a província do Niassa é a que menor número de estudantes mete, pelo menos nas instituições públicas de ensino superior no país, desde a altura da independência nacional há 36 anos, com um ingresso máximo de quatro por cento dos estudantes.
Para contrapor este cenário a Uni-Lúrio vai criar uma escola anexa especial a universidade sob sua tutela que vai ministrar aulas da área de ciências naturais e vai funcionar, no primeiro ano, com 11ª classe e introduzir no ano subsequente a 12ª, passando a partir daí a funcionar com as duas classes em simultâneo.
”A criação desta escola visa preparar bem os alunos para ingressarem em qualquer instituição de ensino superior via exames de admissão como preconiza a lei moçambicana. O que acontece é que desde a independência até agora os alunos do Nisssa avançam para as candidaturas sem nenhuma preparação”, esclareceu.
Os estudantes da UniLúrio, segundo Jorge Ferrão, realizaram, há cerca de duas semanas, exames de vista (Oftalmologia) em crianças da Escola de Malule, distrito de Lichinga, inseridas nas aulas práticas de medicina, constituindo um banco de dados para o acompanhamento da situação de sanitária oftálmica dos petizes.
A universidade está a realizar igualmente exames nas áreas de medicina dentária e cuidados de saúde oral, actividades também se inseridas no âmbito da formação de estudantes da área de medicina.
Destas jornadas, as populações aconselharam a universidade a fazer coincidir as jornadas agrárias (troca de experiência e técnicas entre os estudantes e os camponeses) com o calendário do início da produção agrária (um problema curricular).
O esforço deve ser no sentido de o intercâmbio acontecer no momento do arranque da sementeira e não na altura da colheita como vinha acontecendo, para que possam aliar a teoria a prática.
Para garantir a realização destas jornadas de troca de experiências entre os estudantes e as comunidades, segundo o reitor, a UniLúrio disponibiliza o tractor para a lavoura e os camponeses interessados pagam o valor para a compra de combustível.