Era para ser um tira-teimas, mas deixou tudo na mesma. Pelo menos, no que toca às equipas presentes no Dragão esta noite. O último clássico da época entre FC Porto e Sporting terminou num empate, o que faz com que o Benfica se aproxime de uns e fuja de outros.
Acima de tudo, faltou quem resolvesse de um lado e faltou um super-herói do outro. O jogo começou com pouca chama, quase que só se identificava o clássico pelo colorido das bancadas e pela tensão e picardia entre os jogadores. Havia respeito a mais de parte a parte e a partida estava equilibrada, com as equipas de Jesualdo Ferreira e Paulo Bento estruturados nos esquemas habituais.
Do lado azul e branco peças novas apenas por necessidade e pelo Sporting também: era impossível manter o onze depois de quarta-feira. Havia, do lado leonino, uma ferida bem aberta depois da goleada sofrida na Liga dos Campeões, com o Bayern.
Mas foi um Sporting com personalidade que entrou no relvado e roubou algum ímpeto, que era quase uma obrigação, do F.C. Porto nos minutos iniciais. Por fim, aos onze minutos, alguém abriu a torneira do gás e o encontro aqueceu. Rodríguez saltava mais que a defesa adversária e era preciso Pereirinha salvar o 1-0, em cima da linha. Respondia o Sporting pelo calcanhar de Derlei, mas Helton segurava o nulo com facilidade.
No final do primeiro tempo, era mais quente a contestação dos adeptos ao árbitro João Ferreira (não que houvesse casos de maior, mas havia contabilidade de cartões amarelos a fazer) do que o jogo em si. Por estar a jogar fora, era mais visível sobre o terreno a estratégia leonina, sentia-se mais. Ao F.C. Porto faltava Lucho, faltavam os super-poderes de Hulk, e Lisandro não tinha espaço para percorrer. Só Rodríguez parecia jogar nos tons habituais. Ou seja, os azuis e brancos voltaram a mostrar dificuldades perante o recuo das equipas no Dragão.
Assim, o clássico terminou num banal 0-0 e, como se disse, faltou quem resolvesse, faltou um super-herói que fizesse pender a balança dos cinco jogos disputados entre F.C. Porto e Sporting para um dos lados. Assim, há duas vitórias para cada lado (contando que os dragões eliminaram o rival na Taça de Portugal) e mais este empate.
Resumindo: quem venceu, não esteve no Dragão esta noite: o Benfica que cumpriu a sua missão, venceu o Leixões (2-1), um Leixões digno, mas não conseguiu fazer história.
Um autogolo de Élvis abriu caminho a um triunfo muito suado das «águias», que acabaram com dez elementos e em sofrimento. Logo a seguir o Benfica esteve perto de aumentar a vantagem, com um belo pormenor de Luisão, a fazer pontapé de bicicleta dentro da área, mas a bola a passar a milímetros do poste (22m). O lance, contudo, assinalou uma quebra no ímpeto inicial do Benfica.
Mérito também do Leixões, claro, que subiu no terreno e aproximou-se da baliza de Moreira, ainda que sem conseguir grande objectividade na hora de mirar a baliza. Também por isso José Mota decidiu, ainda antes do intervalo, tirar Braga para ganhar uma referência ofensiva: Rodrigo Silva.
Quique Flores também mexeu no «onze», mas forçado a tal. Rúben Amorim lesionou-se e foi rendido por Carlos Martins. Numa altura em que ainda se discute o processo de renovação do 21 do Benfica, este deu a melhor resposta possível. Sete minutos depois de ter entrado, Nuno Gomes aproveitou um cruzamento de Cardozo (de pé direito!), e de cabeça fez 2-0.
Com dois golos de vantagem, Quique Flores decidiu lançar Balboa, mas esqueceu-se de algo que ele próprio já tinha alertado. O Benfica gere mal vantagens de dois golos. E a quinze minutos do fim Rodrigo Silva marcou para o Leixões. Para além disso, logo a seguir Carlos Martins saiu lesionado. O Benfica tinha de segurar o triunfo com apenas dez elementos.
Os últimos minutos foram de muitos nervos, até nos bancos, mas o Benfica lá conseguiu segurar três pontos preciosos, e evitar que o Leixões fizesse história, como a primeira equipa a ganhar na casa dos três «grandes», na mesma temporada.
Resultados jornada 20:
Sp. Braga – V. Guimarães – HOJE
Marítimo 5 – 1 V. Setúbal
Trofense 1 – 1 E. Amadora
Belenenses 1 – 2 Naval
F.C. Porto 0 – 0 Sporting
Nacional 3 – 1 Académica
P. Ferreira 2 – 0 Rio Ave
Benfica 2 – 1 Leixões