Pelo menos duas granadas atiradas por lançadores de foguetes atingiram neste domingo um edifício do Partido Baath em Damasco, disseram moradores, no primeiro ataque insurgente relatado dentro da capital síria desde o começo de uma revolta que já dura oito meses contra o presidente Bashar al-Assad.
O ataque ocorreu horas depois do fim de um prazo estabelecido pela Liga Árabe para que a Síria encerre sua repressão contra os manifestantes, sem sinais de que a violência está diminuindo. Assad permaneceu desafiando o crescente isolamento internacional. “A polícia bloqueou a praça onde o braço do Baath em Damasco está localizado. Mas eu vi fumaça subindo do prédio e caminhões dos bombeiros ao redor,” afirmou uma testemunha, que pediu anonimato. “O ataque ocorreu antes do amanhecer e o edifício estava praticamente vazio. Parece ter sido uma mensagem ao regime,” afirmou a testemunha.
O Exército Livre da Síria, formado por desertores e com base na Turquia, reivindicou a autoria do ataque. Não foi possível verificar imediatamente a veracidade da reivindicação. As autoridades locais barraram a maioria dos jornalistas independentes de entrar no país.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos afirmou que 14 pessoas foram mortas no sábado por forças do governo. Na sexta-feira, dezenas de pessoas morreram em conflitos, segundo relatos.
Assad disse no sábado que continuará com a repressão contra os manifestantes, apesar da crescente pressão internacional para que os conflitos cheguem ao fim. “O conflito vai continuar e a pressão para subjugá-lo. A Síria vai continuar,” disse Assad ao jornal britânico Sunday Times. “Eu asseguro que a Síria não vai se curvar e que continuará resistindo à pressão imposta a ela.”
Num vídeo publicado no website do jornal, Assad afirmou que haverá eleições em fevereiro ou março, quando os sírios poderão votar para um Parlamento e a criação de uma nova Constituição, sendo que ela incluirá preparativos para uma votação presidencial. “Essa Constituição vai estabelecer as bases de como se eleger um presidente, se precisam de um presidente ou não,” afirmou. “Eles têm as eleições, eles têm que participar dela. As urnas decidirão quem será o presidente.”
A Liga Árabe tinha estabelecido um prazo com fim no sábado para que a Síria aceitasse o plano de paz que obrigaria a saída militar de regiões com conflitos, ameaçando sanções caso Assad não acabasse com a violência.