O presidente da Itália indicou o ex-comissário europeu Mario Monti, este domingo, para chefiar um novo governo encarregado de implementar reformas urgentes para dar fim a uma crise que colocou em perigo a zona do euro.
Depois de um fim de semana intenso durante o qual o Parlamento aprovou as reformas e o primeiro-ministro, Silvio Berlusconi, renunciou diante das vaias da multidão, o presidente, Giorgio Napolitano, pediu que Monti formasse o novo governo, que deverá ser composto em grande parte de tecnocratas. “O presidente da República (…) recebeu o senador Mario Monti e conferiu um mandato para formar um governo,” dizia um comunicado do palácio presidencial.
O respeitado economista, nomeado senador vitalício na semana passada, deverá revelar os nomes de cerca de 12 ministros esta segunda-feira, disseram fontes políticas. Ele vai receber o apoio declarado de parlamentares dos partidos de oposição, centristas e do partido PDL, de Berlusconi. Um processo que normalmente leva vários dias ou semanas foi concluído num fim de semana, com Napolitano apressando-se para restaurar a confiança do mercado, que despencou desastrosamente na semana passada.
Após semanas de incerteza política e apelos crescentes por parte dos parceiros internacionais por medidas para controlar a sua dívida, os custos de empréstimos da Itália subiram para níveis incontroláveis na semana passada, ameaçando causar um colapso financeiro em toda a Europa.
Os mercados acalmaram-se no final da semana, uma vez que ficou claro que Berlusconi renunciaria e que Monti tomaria seu lugar. Roma vai ficar atenta na segunda-feira por sinais de que a indicação formal continuará a ter o efeito positivo sobre os mercados.
Se conseguir garantir apoio suficiente no Parlamento, Monti irá implementar reformas negociadas por Berlusconi com os líderes da zona do euro para cortar a enorme dívida da Itália e reavivar uma economia cronicamente estagnada. No entanto, existem sinais claros de que ele irá enfrentar problemas, com Angelino Alfano, secretário do PDL de Berlusconi, dizendo que havia “enorme oposição” entre alguns de seus membros para um governo Monti.
Mas Alfano disse, após a reunião na tarde de domingo com Napolitano, que o partido apoiaria Monti. O PDL está muito dividido por conta da crise. O acordo, no entanto, depende das indicações ministeriais e do programa político do novo governo, que deve se basear nas reformas prometidas para a Europa por Berlusconi.