Esta quarta-feira realizou-se mais uma ronda de negociações entre o governo moçambicano, representado pelo ministro dos Combatentes, Mateus Kida, e os membros do Fórum dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique chefiados pelo respectivo presidente, Hermínio dos Santos. Porém, mais uma vez, os desmobilizados de guerra não lograram os seus intentos que é dialogarem com o Presidente Guebuza ou o Primeiro Ministro.
O encontro começou um pouco mais tarde que a hora previamente marcada, pois esperava-se pela chegada do ministro Kida. Enquanto isso os cerca de dez desmobilizados de guerra aguardavam ansiosos pelo governante, movidos pela convicção de que hoje teriam a resposta em relação ao pedido de audiência com o presidente da República, Armando Guebuza ou o primeiro-ministro, Aires Aly.
“No encontro desta quarta-feira, havia pessoas estranhas, ou seja, que não estavam no encontro passado e que não têm nenhuma relevância e interesse nestas negociações, são desmobilizados filiados a outras associações dos desmobilizados de guerra que não se identificam com os nossos interesses e reivindicações”, disse Hermínio dos Santos.
O Presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique (FDGM) revelou o seu descontentamento com as atitudes e manobras dilatórias do governo, sob a capa do ministro dos Combatentes, Mateus Kida.
“O que nós combinámos não foi abordado, o ministro apresentou-nos uma agenda que não corresponde com o que havia acordado a semana passada nesta mesma sala de reunião. Eles prometeram que esta quarta-feira, diriam alguma coisa em relação ao nosso pedido de audiência com o presidente da República ou primeiro-ministro”, conta para depois acrescentar que este ponto não foi se quer tocado por Mateus Kida, este que em troca disso, agendou a discussão sobre a harmonização da lei do Estatuto dos Combatentes cujo regulamento próxima semana vai ser submetido ao Gabinete do Primeiro-Ministro, para posterior aprovação pelo Conselho de Ministro nas próximas sessões ordinárias.
Hermínio avançou que uma vez mais o encontro fracassou, o seu grupo vai reunir-se esta quinta-feira, para traçar estratégias em relação aos passos que têm de ser dados doravante, no entanto, não descarta a possibilidade de retomar próxima semana à manifestação pacífica, esta que não vai parar sem que os problemas dos desmobilizados filiados ao seu fórum sejam resolvidos.
Entretanto, a Polícia moçambicana despachou nas primeiras horas desta quarta-feira para o circuito de manutenção física António Repinga mais de meia centena de agentes da polícia de protecção, polícia canina e força de intervenção rápida com objectivo de inviabilizar qualquer tentativa de concentração de desmobilizados de guerra naquele recinto público. No entanto, os desmobilizados de guerra liderados por Hermínio dos Santos não tinham nenhum encontro marcado para o local, mas uma reunião com o ministro dos Combatentes, Mateus Kida.
Nesta quarta-feira circulação no interior do circuito, era restrita, pois eram poucas as pessoas que circulavam, dado o forte aparato policial armado até aos dentes que cercava aquele local de manutenção física escolhido pelos desmobilizados de guerra como a sua base. O porta-voz do Comando da PRM na Cidade de Maputo, Orlando Mudumane, disse que o contingente policial despachado àquele local visava impedir qualquer tentativa de ocupar o circuito por parte dos desmobilizados de guerra. “Nós entendemos que eles devem colocar os seus problemas nas instituições apropriadas e não se manifestarem naquele local”, explica.