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Assad prevê desastre se Ocidente intrometer-se na Síria

Países ocidentais podem provocar um “terremoto” no Oriente Médio se intervirem na Síria, disse o presidente Bashar al-Assad numa entrevista publicada no domingo, depois de manifestantes exigirem proteção estrangeira contra a repressão que já matou 3.000 pessoas.

Autoridades sírias deveriam manter negociações no Catar com delegados da Liga Árabe, que querem promover um diálogo no Cairo entre as autoridades sírias e seus oponentes. O prazo de duas semanas da Liga para o início do diálogo expirou no domingo, enquanto Assad não dá sinais de diminuir a repressão, que vem causando indignação internacional e críticas até mesmo de países árabes anteriormente cautelosos em se manifestar.

A Síria, conforme Assad observou em entrevista ao britânico Sunday Telegraph, fica no coração do instável Oriente Médio, com fronteiras com Israel, Líbano, Turquia, Iraque e Jordânia. “É uma região instável, se você mexer ali, você causará um terremoto,” disse ele. “Você quer ver outro Afeganistão, ou dezenas de Afeganistões?”

Assad dá sinais da sua determinação em permanecer no poder contra um movimento popular, que a repressão que não conseguiu controlar. Protestos de massa também não conseguiram tirá-lo do poder, criando um impasse, que talvez possa ser alterado pelo impacto de sanções ocidentais ou eventuais deserções do exército e da polícia.

A Síria, um país de 20 milhões de maioria muçulmano sunita, é governada com mão de ferro por membros da seita minoritária de Assad, Alawite, uma ramificação do islamismo xiita, que também domina os militares, setores-chave da economia e o aparato de segurança. Depois que as forças de segurança sírias mataram 40 manifestantes anti-Assad na sexta-feira, os ministros árabes divulgaram a sua mais forte reação até o momento. O Comitê da Liga Árabe sobre a crise síria enviou uma “mensagem urgente para o governo sírio expressando o seu severo descontentamento com a morte contínua de civis.” Uma fonte do Ministério das Relações Exteriores, citada pela mídia estatal, disse que a mensagem era “baseada em mentiras da mídia” e pediu ao comitê para “ajudar a restaurar a estabilidade na Síria ao invés de incentivar a revolta.”

No sábado, as forças de segurança e militantes pró-Assad mataram ao menos 10 civis, a maioria em Homs, 140 km ao norte de Damasco. A Síria tem barrado a mídia internacional, tornando difícil a verificação de dados do conflito. A província de Homs, fronteira com o Líbano, está emergindo como um centro de resistência armada ao governo de Assad, depois de meses de protestos pacíficos que atraíram muitas vezes a resposta violenta das forças de segurança.

Um grupo ativista disse que um dos combatentes considerados desertores do exército mataram 30 soldados em confrontos em Homs e em uma emboscada na província de Idlib, no sábado.

INVOCANDO O PASSADO

Em sua entrevista, Assad compara os conflitos atuais aos da década de 1980, quando seu pai, Hafez al-Assad, esmagou a revolta de esquerda e de islâmicos, matando dezenas de milhares de sírios. Os 41 anos da família de Assad no poder sufocaram partidos políticos e o debate público na Síria, o que torna difícil prever como a Síria votaria, se o país se tornasse uma democracia. “Nós lutamos contra a Irmandade Muçulmana desde os anos 1950 e ainda estamos lutando contra eles,” disse Assad na entrevista ao Sunday Telegraph, acrescentando que os países ocidentais “vão aumentar a pressão, com certeza.”

A intervenção militar da NATO na Líbia teve um papel decisivo no derrube Muammar Khadafi, o terceiro líder árabe a ser derrubado, depois da Tunísia e Egito. Nações ocidentais, que estão a tentar intensificar as sanções à Síria para incluir o setor de petróleo, não mostraram nenhum apetite para repetir o sua intervencão da Líbia, na Síria.

Os manifestantes exigem cada vez mais uma “zona de exclusão aérea” para protegê-los. “Qualquer problema na Síria vai incendiar toda a região,” advertiu Assad. “Se o plano é dividir a Síria, toda a região será dividida.” Autoridades sírias culparam “terroristas” apoiados por estrangeiros pela morte de 1.100 soldados e policiais.

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