Os desmobilizados de guerra decidiram passar esta noite no circuito de manutenção física António Repinga, na baixa da cidade de Maputo, próximo do gabinete do primeiro Ministro de Moçambique, onde desde as primeiras horas desta terça-feira estão a manifestar-se pacificamente exigindo uma melhor pensão mensal e o enquadramento dos antigos milicianos e Naparamas no Estatuto do Combatente recentemente aprovado.
Apesar da manifestação ter sido autorizada uma forte presença policial está no local, agentes da Polícia da República de Moçambique e da Força de Intervenção Rápida, armados com metralhadoras de guerra, AK47.
No final da tarde desta terça-feira, e depois de terminado o Conselho de Ministros que decorreu a poucos metros do local onde os desmobilizados estão a manifestar-se, o governo não se pronunciou sobre as reivindicações dos desmobilizados.
O porta-voz do Conselho de Ministros, Alberto Nkutumula, disse em Conferência de Imprensa que o governo sequer sabia que os demobilizados de guerra estavam a manifestar-se ao lado do local onde estiveram reunidos. Terminada a reunião ministerial os membros do governo moçambicano entraram nos seus carros de luxo e deixaram o local como se nada se passasse.
Para o presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra Herminio dos Santos isto é um desprezo (…) “isso de dizerem que não sabem não é verdade, é mentira (…) o governo deste país não é um governo justo, é um governo que consegue manipular toda a sociedade civil (…) não nos viram quando entraram? Somos animais nós? Esses polícias quem mandou?”.
Outro líder dos manifestantes, Jossias Matsena, afirmou que o Fórum já contactou as embaixadas de alguns países “já falamos com a embaixada de Portugal para amanhã interagir com o governo, dissemos nos nossos documentos caso o governo não responda vamos falar com as embaixadas (…) vamos ver o que vai fazer a embaixada portuguesa sobre este assunto”
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Estes homens e mulheres, alguns já de certa idade, que reivindicam os seus direitos sairam das suas casas nas primeiras horas da madrugada desta terça-feira, organizaram-se e rumaram para a baixa da cidade de Maputo onde ainda não tiveram nenhuma refeição quente até este momento. Contudo estão decididos a pernoitar no local mesmo sem terem comida.