O principal partido de oposição em Camarões disse na segunda-feira que a eleição presidencial no país africano foi marcada por fraude e que está a reunir provas para uma reclamação formal. O presidente veterano Paul Biya, considerado favorito para vencer as eleições e obter a reeleição, admitiu que pode ter havido “imperfeições” na organização da votação no domingo, mas negou a existência de fraude.
“Os nossos advogados já estão reunindo provas para mostrar que houve fraude em vários locais”, disse Elizabeth Tamajong, secretária-geral da Frente Social-Democrática (SDF), à Reuters por telefone.
Relatos de que alguns eleitores depositaram duas cédulas, enquanto outros não chegaram a votar arriscam minar a credibilidade da eleição no país produtor de petróleo, semanas depois de uma eleição na Zâmbia mostrar que uma mudança pacífica por meio do voto é possível na África.
Biya, de 78 anos, já foi presidente por 29 anos e a sua candidatura à reeleição foi possível apenas depois de ele modificar os limites do mandato presidencial em 2008 – uma medida que se somou à insatisfação popular por causa dos preços dos alimentos que provocou distúrbios nos quais morreram mais de 100 pessoas.
Além de produzir petróleo, Camarões é o principal ponto de entrada marítima da região e rico manancial de alimentos, abastecendo Chade, República Centro-Africana, República do Congo e Gabão. Apesar disso, o seu crescimento econômico está abaixo da média da África e os críticos mencionam fracasso da democracia.
A eleição de domingo terminou de forma pacífica, mas problemas de abastecimento de energia fizeram com que a contagem dos votos em alguns distritos fosse feita à luz de velas, com a ajuda das lanternas dos celulares ou, como ocorreu em um distrito da capital Laundê, com as luzes de uma moto. Os resultados poderão levar até duas semanas para serem divulgados.