Autoridades chinesas sofreram duras críticas esta quarta-feira depois que o pior acidente com comboios do metro em 42 anos levantou novas preocupações de que a segunda maior economia mundial está sacrificando a segurança na sua corrida pelo desenvolvimento. Autoridades ainda investigam a causa do acidente de terça-feira na capital financeira Xangai, no qual 270 pessoas ficaram feridas, sendo 20 de forma severa.
O acidente ocorreu apenas dois meses depois da colisão fatal entre dois comboios de alta velocidade em Wenzou, que gerou uma onda de críticas aos planos ambiciosos de construção de ferrovias pela China. A colisão fatal fez o governo suspender a aprovação de novos projetos ferroviários e iniciar verificações de segurança nos equipamentos existentes.
O jornal The Global Times, controlado pelo People’s Daily do Partido Comunista, afirmou que o aumento da velocidade não pode ocorrer às custas da segurança do público. “As tragédias em Wenzou e Xangai seguem recordando as pessoas de que a China não pode arcar com falhas”, escreveu o jornal em seu editorial.
“Xangai já tem a aparência de uma cidade desenvolvida, mas acidentes como a colisão de metros e o incêndio em novembro passado (no qual 53 pessoas morreram) revelam que ainda é uma cidade em desenvolvimento na sua essência.”
O governo de Xangai e uma equipe de investigação de fora estavam examinando o acidente perto do conhecido jardim Yu Yuan, que aconteceu depois que uma falha no sistema de sinalização forçou a equipe a direcionar trens por telefone. A agência oficial de notícias Xinhua informou que os sistemas de sinalização usados na linha 10, onde o acidente ocorreu, foram feitos pela Casco Signal Ltd, uma joint venture entre a China Railway Signal and Communication Corp e o grupo francês Alstom.
Partes da linha 10 permaneciam fechadas esta quarta-feira, mas outras linhas operavam normalmente. A Casco também fornecia os sistemas da linha ferroviária onde os trens de alta velocidade colidiram em julho, acrescentou a Xinhua.
Usuários da Internet na China recorreram ao site de microblogs Weibo, semelhante ao Twitter, para criticar o governo por seus planos de desenvolvimento rápido e por sacrificar a segurança pública. Outros usuários exigiram saber por que o governo não havia publicado seu relatório de investigação sobre a colisão de trens de alta velocidade em julho, que matou 40 pessoas.