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Países emergentes podem ter papel vital no mundo – afirma Dilma Rousseff na ONU

A presidente do Brasil, Dilma Rousseff, disse à Organização das Nações Unidas (ONU) esta quarta-feira que economias emergentes em rápido crescimento podem desempenhar um papel vital para ajudar a conter a crise econômica mundial, no mais recente movimento de países em desenvolvimento para se tornarem equivalentes às tradicionais potências do mundo. Dilma, a primeira mulher a abrir a Assembleia Geral da ONU, disse que “ainda há tempo” para conter um contágio maior da crise se os países desenvolvidos e emergentes trabalharem juntos, afirmando que as economias em desenvolvimento são “capazes e dispostas” a ajudar a resolver a crise.

“Essa crise é séria demais para que seja administrada apenas por uns poucos países”, disse Dilma. “Os seus governos e Bancos Centrais continuam com a responsabilidade maior na condução do processo, mas como todos os países sofrem com as consequências da crise, todos têm o direito de participar das soluções.” O Brasil, uma das economias que mais cresce no mundo, faz parte do grupo Brics de potências emergentes, que também inclui Rússia, Índia, China e África do Sul.

No início deste mês, o Brasil se posicionou para liderar um esforço do Brics para apoiar a zona do euro em crise, fazendo compras coordenadas de títulos de governos europeus. A crescente insatisfação de países emergentes, que reclamam que permanecem relegados a papéis periféricos na comunidade internacional, ficou mais evidente durante a disputa pela nomeação da nova chefia do Fundo Monetário Internacional. Países em desenvolvimento manifestaram forte descontentamento com a tradição do FMI de ter um europeu à sua frente, embora a nomeação da francesa Christine Lagarde tenha confirmado essa tradição.

Dilma pediu uma maior cooperação entre os países. A presidente brasileira exortou as nações a parar o que ela chamou de “guerra cambial” e combater o protecionismo, dizendo que o controle mútuo das políticas fiscal e monetária ajudaria a evitar um círculo vicioso de reações defensivas. Há anos, o Brasil e outros países em desenvolvimento reclamam da política monetária frouxa dos Estados Unidos, o que resultou em enormes fluxos de dólares para mercados emergentes em rápido crescimento, que oferecem a investidores rendimentos muito mais elevados.

A valorização do real prejudicou as exportações brasileiras e provocou queixas por parte de empresas de que a capacidade de gerar empregos foi prejudicada. Mas Dilma também criticou o uso de taxas de câmbio fixas que levam à manipulação da moeda – uma crítica velada à China. “É preciso impôr controles à guerra cambial, com a adoção do regime de câmbio flutuante”, disse Dilma. “Trata-se de impedir a manipulação do câmbio, tanto por políticas monetárias excessivamente expansionistas como pelo artifício do câmbio fixo.”

Dilma alertou que a incapacidade de coordenar os esforços entre os membros da ONU e outras instituições multilaterais como o Fundo Monetário Internacional poderia causar uma “grave ruptura política e social” que engoliria economias ainda mais resistentes. “Como outros países emergentes, o Brasil tem sido, até agora, menos afetado pela crise mundial, mas sabemos que nossa capacidade de resistência não é ilimitada”, disse a presidente, ressaltando a crescente ansiedade entre os países em desenvolvimento em relação à crescente crise da dívida na zona do euro.

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