O Ministro da Ciência e Tecnologia, Venâncio Massingue, lançou, Segunda-feira, no Centro de Investigação e Desenvolvimento em Etnobotanica (CIDE) do distrito da Namaacha, província de Maputo, a Tabela de Composição Química e Valor Nutricional de Alimentos de origem vegetal, cultivados e recolectados pelas populações em Moçambique.
Trata-se, segundo Massingue, de uma tabela preliminar que engloba, numa primeira fase, alimentos consumidos nas províncias de Gaza, no sul de Moçambique, Tete, no centro, e Nampula, na zona Norte.
Pretende-se que, nas fases subsequentes, a tabela possa incluir hábitos alimentares das outras províncias, permitindo a diversificação da alimentação.
A Tabela de alimentos em alusão, cujo lançamento contou com a presença do Ministro da Saúde, Alexandre Manguele, consta de um processo que inclui três fases, sendo que a primeira, divulgada hoje, foi da recolha, analise e certificação dos resultados.
Em seguida será a fase de divulgação e a de monitoria e avaliação. Falando na ocasião, Massingue disse que o país é possuidor de uma grande riqueza constituída por uma variedade de plantas, sendo preciso investir no seu processamento.
Reconheceu, porém, que o processamento é uma actividade difícil, mas que muitas das plantas constantes nessa tabela possuem um valor competitivo muito importante, porque algumas delas crescem apenas em Moçambique.
“A ideia da elaboração desta tabela é motivadora, mas também levanta uma apreensão. Saber o que se está a comer, o que é uma mais-valia para todos os moçambicanos. O grande desafio que se nos coloca é divulgar o conhecimento que está na obra junto das comunidades para que possam saber o que estão a comer em cada momento”, explicou Massingue.
O ministro apontou como de importância capital o registo desta tabela para que o conhecimento nela contido não seja roubado, advertindo que a partir desta iniciativa poderão surgir outras sem o nosso consentimento.
Para o ministro da Saúde, a tabela é de extrema importância pois engloba alimentos energéticos, protectores e reguladores, base de sobrevivência humana, num país com problemas nutricionais bastante graves, embora esteja a registar melhorias assinaláveis nos últimos tempos.
“Em Moçambique há muito ainda por fazer neste capítulo porque estamos a falar de um país onde uma em cada duas crianças sofre de uma desnutrição crónica, sendo por isso necessário garantir a segurança nutricional como um direito”, disse Manguele.
A primeira tabela nutricional que existia no pais, segundo Manguele, era de 1992 que não fazia nenhuma distinção do valor dos alimentos por província. A actual, ao tratar esta questão por região, vai de encontro com os hábitos alimentares de cada província, distrito e localidade.
“Temos que conseguir garantir as populações uma alimentação saudável e bem-estar nutricional com base em alimentos locais”, destacou o ministro da Saúde.
A tabela apresentada, cujos estudos estiveram a cargo do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Etnobotanica da Namaacha, em colaboração com os Departamentos de Química e de Ciências Biológicas da Faculdade de Ciências da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), resulta de amostras recolhidas nos distritos de Xai-Xai e Manjacaze, em Gaza, Rapale, Ribawe, Erati, Mossuril e Namialo em Nampula e nos distritos de Songo e Changara, em Tete.