Moçambique está no momento de capitalizar as línguas nativas, depois de ter conseguido que a língua portuguesa garantisse a unidade do país e a sua afirmação no mundo, considerou o académico moçambicano Lourenço do Rosário.
Falando, esta segunda-feira, no Maputo, Lourenço do Rosário realçou a importância de valorizar “o património linguístico nacional”, quando falava a jornalistas à margem do colóquio sobre “Diversidade Linguística nos Países da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)”, em curso na capital moçambicana.
O académico, que é igualmente reitor da Universidade Politécnica, de Moçambique, considerou acertada a atribuição do estatuto de língua oficial ao português, logo após a independência, em 1975, mas declarou que já é tempo de o país valorizar as línguas nacionais.
“Durante muito tempo, considerou-se que era preciso definir a língua portuguesa como um instrumento de unidade nacional e de afirmação do país no contexto internacional e acho que foi uma decisão acertada”, sublinhou Lourenço do Rosário.
Mas, após diversos estudos demonstrarem as dificuldades que a maioria das crianças moçambicanas tem no ensino formal, por terem de aprender em português e não na sua língua materna, é agora importante “dar um lugar de destaque às línguas nacionais”, acrescentou aquele académico.
“Não é possível, ou pelo menos há enormes dificuldades, aprender em simultâneo uma língua e adquirir conhecimentos nessa mesma língua”, afirmou Lourenço do Rosário, enaltecendo a decisão do Governo moçambicano de introduzir o ensino bilingue nas escolas do país.
Referindo-se ao encontro que começou esta segundafeira em Maputo, o reitor da Universidade Politécnica defendeu a necessidade de se fazer “um rastreio” sobre a situação da diversidade linguística na CPLP.
“Pensa-se que a CPLP nasceu apenas para proteger a língua portuguesa. Este tipo de encontros desmistifica esse pensamento”, sublinhou Lourenço do Rosário.
O colóquio “A Diversidade Linguística nos Países da CPLP” vai reunir até quartafeira linguistas, investigadores e docentes da língua portuguesa dos oito Estadosmembros da organização – nomeadamente Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor- Leste.