O acesso ao ensino escolar está a ser encarado como algo obrigatório em muitas comunidades rurais de Milange, distrito da Zambézia, onde há registo da implementação de um controlo rigoroso por parte dos conselhos de escola com a existência de casos em que o encarregado de educação, ou o indivíduo que eventualmente esteja por detrás do referido abandono, acaba na detido pela Polícia da República de Moçambique (PRM) local.
Segundo escreve o jornal Diário de Moçambique, a tendência para obrigatoriedade de estudar ocorre depois que na maioria das regiões daquele distrito se generalizam casos de abandono do ensino escolar, ora por questões de natureza económica das famílias, que olham na escola como um entrave ou retrocesso, já que dificilmente os seus filhos estão disponíveis para ajudar nas actividades domésticas e de sobrevivência. Aliado a este factor, está igualmente a tendência, sobretudo de raparigas, em aventurar-se em casamentos prematuros de que resultam em gravidezes precoces e indesejadas.
Com efeito, as comunidades agora organizadas em conselhos de escola, tiveram que adoptar uma estratégia assente em controlo implacável de alunos, envolvendo as respectivas famílias, com vista a impor a regra de frequentar a escola até atingir um grau aceitável nos estudos. Neste processo, os alunos que mostrarem qualquer indício de abandono, ao fim de quatro dias de ausências consecutivas, são alvos de perseguição do conselho de escola e são pressionados a regressar aos bancos de escola, havendo casos que terminam na Polícia.
O Diário de Moçambique reporta casos evidentes que ocorreram na localidade de Chitambo, a cerca de 35 quilómetros da vila do distrito de Milange, onde pelo menos um indivíduo foi detido acusado de influenciar adolescente a relegar os estudos. O detido, um jovem negociante, que convenceu uma aluna de 17 anos para abandonar a escola, a fim de estabelecer uma relação marital. O rapaz cuja identidade não foi avançada, terminou nas celas de um posto da PRM local, onde para além de passar dias encarcerado, também foi penalizado com multas a favor do Estado, depois de desviar uma aluna da 5ª classe para deixar de estudar e assumir uma vida conjugal.
Para além de raparigas, rapazes igualmente abandonado os estudos nas zonas rurais, para se envolver em negócios, havendo um de 16 anos que no ano passado experimentou deixar de estudar, alegando estar impossibilitado por se tratar de órfão de pai . Conta-se que o rapaz tinha argumentado a necessidade de desenvolver actividades de sobrevivência para ajudar a família. O conselho de escola entrou em acção para persuadi-lo, chegando a envolver a mãe, que com receio de prestar contas às autoridades, pressionou o filho a mudar de ideia e regressar aos bancos da escola.