Uma música que considera a homossexualidade uma doença está a provocar polémica e debates na Itália. Depois de ter sido seleccionada para o popular Festival de Música de San Remo, que se realiza anualmente em Fevereiro naquela cidade do noroeste italiano.
A letra da música “Luca era gay”, do italiano Giuseppe Povia, apesar de não ter sido divulgada até essa data, está a provocar duras reacções, sobretudo, por parte das associações de defesa dos homossexuais.
Povia, que competirá na 59ª edição do Festival de San Remo (17 a 21 de Fevereiro), é acusado de ser um “extremista católico” e de aproveitar a popularidade do evento para lançar ideias ultraconservadoras.
“Apesar das doces palavras que empregará, a música de Povia é um manifesto político de um movimento religioso”, afirmou num comunicado o Presidente da Associação de Defesa dos Homossexuais Arcigay, Aurélio Mancuso.
“Pedimos que Povia revele a letra da música”, disse Mancuso, depois das duras reacções que causaram declarações do cantor proferidas ao suplemento do jornal conservador Il Giornale, ao qual assegurou que a homossexualidade é uma doença, que pode ser superada com terapias adequadas.
“Povia é um conhecido militante dos grupos de terapia reparadora fundados pelo psicólogo americano Joseph Nicolosi, que está convencido da cura da homossexualidade e que a relação entre homens é efêmera e compulsiva”, assegurou Mancuso.
Esta não é a primeira vez que o cantor trata publicamente do tema. Em Dezembro último, contou à imprensa que conseguiu “converter” dois amigos homossexuais, que agora estão casados com mulheres e felizes.
Povia participou em 2007 do Family Day, um evento organizado em Roma pelos movimentos católicos para defender a família, contra o aborto e a legalização das uniões homossexuais.
O festival de San Remo é transmitido ao vivo pela RAI e tem uma audiência média de 13 milhões de telespectadores por noite.