O número de pessoas em situação de insegurança alimentar poderá aumentar em Moçambique nos próximos meses, sobretudo nas províncias do centro e sul do país, com excepção de Maputo e Zambézia. Segundo o vice-ministro dos negócios estrangeiros e cooperação, Henrique Banze, que assumiu, terça-feira, o papel de porta-voz do Conselho de Ministros, as populações dessas duas regiões têm poucas reservas alimentares, que são suficientes apenas para mais este mês de Agosto.
“Esta situação deve-se a factores como inundações e secas que influenciam a produção. As pessoas produziram e não conseguiram colher produtos suficientes devido às secas que afectaras as províncias do centro e sul do país. Também tivemos as cheias e inundações que afectaram os distritos ao longo das bacias hidrográficas e algumas culturas foram perdidas” explicou.
Entretanto, as províncias do norte do país, bem assim de Maputo e Zambézia, estão numa situação confortável em termos de reservas alimentares, consideradas suficientes para responder às necessidades da população até a próxima sementeira que vai ocorrer em Dezembro próximo.
“As reservas alimentares no norte vão durar muito mais tempo, até Dezembro, altura da sementeira, enquanto que no sul e centro vão durar entre Julho e Agosto. As províncias de Zambézia e Maputo, têm boas reservas. Portanto, consideramos que a segurança alimentar está garantida nalgumas províncias no norte do país e na Zambézia e Maputo, é moderada em Gaza, Inhambane, Manica, Sofala e Tete, e temos que olhar com alguma preocupação alguns distritos do interior e as causas principais da insegurança alimentar” referiu.
Neste momento, estima-se que 350 mil pessoas estejam em situação de insegurança alimentar no país. Os números mostram uma tendência crescente, visto que em 2009 o país contava com 280.300 pessoas nessa situação.
“Pelos indicadores que temos, esta situação é resultado dos impactos do fenómenos naturais que ocorrem no país e colocam muitas pessoas em situação de vulnerabilidade. Infelizmente ainda não conseguimos gerir os desastres naturais, daí esta situação” frisou.
Assim, para que a situação de insegurança alimentar não continue a deteriorar no país, o Governo está a apostar na disseminação da utilização de tecnologias de conservação e processamentos de alimentos como forma de reduzir as perdas das colheitas, fazer monitoria para apoiar as populações em situação difícil e disponibilizar insumos agrícolas para a segunda época.
A analise do Governo sobre a situação da segurança alimentar e nutricional concluiu que por causa da fraca disponibilidade de alimentos nalguns pontos do país, e utilização inadequada dos produtos disponíveis, continuam a registar-se casos de crianças que nascem com baixo peso, o que constitui preocupação do Governo.
A mesma análise, segundo Banze, mostrou que há um aumento no consumo de produtos básicos, nomeadamente cereais, legumenosas e mandioca. “Há um crescendo no consumo dos produtos básicos. Passamos de 2.7 milhões toneladas de cereais na campanha 2009/2010 para 2.9 milhões em 2010/2011, nas leguminosas ewstamos a falar de 421 mil toneladas para 438 mil, e em relação a mandioca, passamos de 9.7 milhões de toneladas para 10.7 milhões de toneladas” revelou.
No que refere a disponibilidade de água, o Governo considera que com excepção de alguns distritos da província de Inhambane, a situação melhorou, sendo que as pessoas já consomem água própria.
O tempo que a população percorre para ter acesso a água reduziu para entre uma a três horas. Entretanto, no que refere ao saneamento, a situação é preocupante porque ainda há uso limitado de latrinas nalgumas províncias.