O primeiro-ministro da Turquia, Tayyip Erdogan, reuniu-se esta segunda-feira com generais de alta patente para escolher os novos comandantes militares do país, depois da demissão dos ocupantes anteriores do cargo num protesto contra a prisão de oficiais envolvidos em supostas tentativas de golpe.
Antigas tensões entre as Forças Armadas, sustentáculo tradicional do Estado laico, e o partido governista, de origens islâmicas, explodiram na sexta-feira, quando o general Isik Kosaner deixou o comando do Estado-Maior das Forças Armadas, levando consigo os chefes do Exército, Marinha e Aeronáutica. As renúncias permitirão a Erdogan consolidar o controle sobre os outrora onipotentes militares turcos, protagonistas de uma série de golpes desde 1960, mas que tiveram os seus poderes restringidos por causa de uma série de reformas adotadas com apoio da União Europeia, depois de um golpe que depôs um governo de tendências islâmicas, em 1997.
O pivô da crise é um seminário militar de 2003, em que um suposto golpe teria sido discutido. Os oficiais envolvidos dizem que as acusações foram inventadas com base num mero exercício militar. A reunião do Conselho Militar Supremo (YAS) vai até quinta-feira.
Num gesto simbólico, Erdogan e os generais prestaram homenagem ao fundador do Estado turco moderno, o militar Mustafa Kemal Ataturk, visitando o imponente mausoléu dele num morro da capital. Só 9 dos 14 generais que habitualmente participariam da reunião estavam na cerimônia. Além dos quatro que renunciaram na sexta-feira, outro comandante faltou por estar preso. Erdogan ficou sentado sozinho na ponta da mesa, onde normalmente estaria ao lado do chefe do Estado-Maior.
O analista Timothy Ash, do Real Banco da Escócia, que visitou a Turquia na semana passada, notou que os temores iniciais sentidos após as demissões, envolvendo um confronto mais amplo entre militares e governo, já se atenuaram. “O consenso do fim de semana é de que as renúncias marcam o final da posição dominante na sociedade turca, e finalmente mostram que o controle civil sobre os militares foi estabelecido”, escreveu ele na segunda-feira.
O presidente Abdullah Gul negou que haja uma crise, e o pronunciamento habitual de Erdogan ao país, no sábado, focou nos planos de uma nova Constituição para o país, que é candidato a uma vaga na União Europeia e tem o segundo maior contingente militar da