A Avenida Eduardo Mondlane, nome atribuído em homenagem ao primeiro presidente da FRELIMO, localizada no centro da cidade de Maputo, não é a única com o mesmo nome no país. Tantas outras, ostentando o nome daquele herói, espalham-se por outras províncias. Aqui na capital, a Eduardo Mondlane é um “shopping”, onde tudo se pode comprar sem se ter de entrar em nenhum estabelecimento comercial.
Ao longo de toda a avenida – desde a extremidade Oeste (onde começa), à extremidade Este, onde termina e faz entroncamento com a Juluis Nyerere – esta é efectivamente dominada pelo comércio, em que se confundem os formais e os informais. Estes últimos, embora não contribuindo em nada para a receita do Estado, proporcionam-nos um espectáculo deveras curioso. Enquanto uns perfilam com as suas bancas – fixas e móveis, feitas de madeira, algumas de ferro – outros simplesmente espalham os seus diversos produtos no chão, passando o dia todo a gritar como forma de atrair a clientela. Outros ainda, designados ambulantes, desfilam por toda a avenida interpelando os transeuntes que se vêem, muitas vezes movidos pela pressão e pelos descontos prometidos pelos ambulantes, obrigados a adquirir os produtos em causa.
A sua natureza é vária. São ali (ao longo da Eduardo Mondlane) vendidos produtos alimentares, de higiene, cosméticos, roupa diversa (nova e usada). Passeando pela via, sem no entanto entrar em nenhum estabelecimento comercial, os cidadãos podem comprar quase tudo o que quiserem. Portanto, pode-se afirmar, sem receio e com todas as letras completas, que aquela que é a maior e mais movimentada avenida da capital, se transformou hoje num autêntico “shopping”.
Locais como Bota Alta, Belita, Ponto Final, Ronil e Hospital Central são alguns dos exemplos a servirem de referência em matéria de comércio ao longo da Eduardo Mondlane.
Na zona do Ponto Final, na margem direita para quem vem da estátua no sentido da Ronil, os produtos dominantes são os perfumes e roupa, razão por que foi apelidado de “Mister Price”. Os comerciantes de roupa, na sua maioria adquirida nas lojas da Baixa, depois vendida a preços especulativos, chegaram mesmo a dificultar sobremaneira o acesso a algumas lojas que por ali perfilam. A entrada do restaurante e cervejaria Água D´ouro por vezes, não poucas, encontra-se totalmente obstruída pelos vendedores informais devendo os cidadãos a quem apetecer entrar naquele local, apelar para que lhes seja franquada a passagem. De roupa, naquele ponto, bem destacado no centro da capital, as pessoas encontram tudo o que as lojas oferecem, não havendo, portanto, a necessidade de entrar nos estabelecimentos formais que pagam impostos, garantindo, assim, ao Estado a providência dos serviços sociais básicos ao cidadão.
Sistematicamente, incursões têm sido levadas a cabo pela Polícia Municipal, acompanhada muitas vezes de força canina, a fim de pôr termo àquela prática que em nada abona à contabilidade e finanças públicas, para além de constituir um autêntico atentado à segurança, ordem e tranquilidade dos munícipes. Porém, as mesmas não têm surtido os efeitos desejados, estando a prática a ganhar, cada dia que passa, corpo e forma.
Das centenas de estabelecimentos comerciais formais que perfilam na Eduardo Mondlane, que contribuem para as receitas do Estado, pouco se pode dizer. O certo é que, devido ao acelerado ritmo do comércio que se regista na via pública, o que contribui para a redução das vendas nas lojas, alguns agentes comerciais retiram os seus produtos dos estabelecimentos para reforçarem os vendedores informais em troca de alguma margem de lucro, uma acção que igualmente consubstancia uma fuga ao fisco, para além de fomentar o comércio informal.