A crise de água no Centro de Saúde de Anchilo, distrito de Nampula, está a obrigar os doentes a abdicarem da higiene individual, sujeitando-os a contraírem doenças da pele como é o caso da sarna e micoses. Segundo apuramos junto da direcção daquele estabelecimento hospitalar, dos 11.120 litros de água que aquela unidade sanitária necessita diariamente para o seu funcionamento, apenas consegue mi litros, quantidade que acaba por ser priorizada à confecção de alimentos e lavagem da roupa hospitalar.
Raul Lázaro Atibo, director do centro e chefe dos serviços distritais da Saúde, Mulher e Acção Social, explicou-nos que o sistema concebido para transportar a água de um furo subterrâneo feito a cerca de um quilómetro dalí, está avariado neste momento.
‘O sistema já não aguenta pois que, em três meses, tivemos igual número de avarias cuja reparação tem acarretado muitos custos’ – referiu Atibo para quem a saída encontrada para o problema, é o recurso ao transporte de água em bidões do hospital central de Nampula, que dista à Vinte e dois quilómetros de distância, para aquela unidade, um exercício que é feito pelo menos duas vezes por dia para lograr mil litros de água.
Segundo reconheceu a nossa fonte, esta alternativa tem desgastado a viatura envolvida no processo de transporte da água, por sinal a ambulância de serviço que acaba por passar maior parte do tempo a cartar aquele líquido ao invés de transportar doentes.
‘Esta situação também tem-nos obrigado a constantes arranjos contabilísticos para suportar a rubrica relacionada com os combustíveis’ – explicou Atibo.
Segundo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), cada pessoa necessita de pelo menos 110 litros de água por dia para atender às necessidades de consumo e higiene.
Em função disso e das contas feitas pela nossa reportagem, chegamos à conclusão de que os 92 doentes que o Centro de Saúde de Anchilo acolhe nas enfermarias de maternidade, medicina e pediatria, necessitariam de 101.120 litros de água por dia, contra os actuais mil litros que a unidade “consegue” disponibilizar e que por ser uma quantidade escassa acaba por ser priorizada para o sector de lavandaria e cozinha.
Alguns doentes que falaram para a nossa reportagem, reconheceram que para tomar banho, não tem sido tarefa fácil, muitos safam-se mercê da ajuda de familiares que, muitas vezes, trazem bidões de cinco litros daquele precioso líquido.
Os menos “amados” pelos familiares e acompanhantes sujeitam-se a contrair doenças da pele tais como a sarna, micose, entre outras, que ocorrem em consequência directa da falta de banho e outro tipo de higiene individual.
Falando especificamente do quadro epidemiológico do posto administrativo de Anchilo, Lázaro Atibo disse-nos que a malária, as disenterias têm sido as principais causas de internamento.
Consta que ao longo do primeiro trimestre do ano em curso, foram atendidos 2.308 doentes padecendo de malária, com 3 óbitos, e outros 66 por disenterias com um óbito.
