Confrontos entre o homem e os animais, sobretudo bovinos, pelo consumo de água, tornaram-se uma constante nos últimos tempos no posto administrativo de Muatua, distrito de Mogovolas, devido a escassez de fontes para captação daquele precioso líquido.
Pior de tudo é que esses confrontos opõem os animais e seus próprios donos ou pastores, segundo dados em poder da nossa reportagem.
Com uma população estimada em cerca de 35 mil habitantes, Muatua registou fraca precipitação na última época chuvosa, facto que, segundo o respectivo chefe do posto, Jacinto Namutuma, veio agravar a escassez de água nas fontes.
Os três rios que atravessam aquela parcela de Nampula encontram-se praticamente secos, excepto nalgumas zonas relativamente baixas.
Segundo constatamos, é nessas zonas onde, frequentemente, se assistem cenas arrepiantes de disputas pelo consumo de água, envolvendo o homem e os animais, com destaque para o bovino.
Soubemos que, desses confrontos, alguns pastores tiveram que ser evacuados para o centro de saúde de Nametil, a 43 quilómetros de Muatua, para serem assistidos a ferimentos em várias partes do corpo, resultantes de patadas desferidas por aqueles animais, cujo efectivo, em contínuo crescente, justifica a supremacia de maior criador da província.
Jacinto Namutuma mostra-se bastante preocupado porque a escassez de água está a agudizar-se a cada dia que passa e as promessas do governo distrital para a abertura de nove fontes indicam que só será possível no primeiro trimestre do próximo ano. E agora nós questionamos onde vamos conseguir água para esta população.
Aquele dirigente destacou que a escassez de água no seu posto tem muitas implicações negativas para a vida da população local. Segundo Jacinto Namutuma, a segunda época da campanha agrícola em curso fracassou porque nem foi possível salvar as hortícolas, cuja comercialização constitui um suporte financeiro para os produtores.
Consequentemente, adivinha-se que o espectro da fome venha abater-se sobre o posto de Muatua. Os alunos do ensino primário do segundo nível, particularmente, deixaram de ser assíduos às aulas porque a sua primeira preocupação, logo ao amanhecer, é de assegurar a disponibilidade de água para satisfação das necessidades básicas das suas famílias e essa agua só se pode conseguir depois de percorrer cerca de 20 quilómetros para as localidades circunvizinhas- lamentou Jacinto Namutuma.
Adicionalmente, o tempo para as mulheres cuidarem das tarefas da família, entre as quais pequenos negócios para o seu auto-sustento e acompanhamento dos estudos e saúde dos seus filhos, tornou- se mais reduzido.
Porquanto a sua ausência de casa prolonga-se por quase todo o dia quando se deslocam à procura de água nas localidades dos distritos vizinhos, nomeadamente Mogincual e Angoche.
