O Presidente da República, Armando Guebuza, reconhece que as vias de acesso e a falta de infra-estruturas continuam a ser um grande entrave para o escoamento e comercialização da produção agrária em Moçambique. O Chefe do Estado moçambicano reconheceu haver tanta produção que é preciso encontrar formas de aproveita-la.
Guebuza falava à imprensa, na passada quarta-feira última, no distrito de Namuno, província nortenha de Cabo Delgado, no âmbito da Presidência Aberto e Inclusiva que vinha realizando desde o dia 4 Junho corrente. O esforço que está sendo feito, segundo Guebuza, é encorajador tanto é que a produção agrária na província de Cabo Delgado registou um crescimento de 14 por cento na produção global e 36 por cento na área agrária. A produção agrária passou de 1.535.206 toneladas em 2009 para 2.083.297 toneladas em 2010.
“Há muitas zonas com tanta produção que é preciso escoar. Algo pode ser feito na componente de vias de acesso, mas tem que ser no tempo seco, porque no tempo chuvoso todo o esforço será em vão”, reconheceu o Presidente moçambicano. Guebuza afirmou que o aproveitamento da produção agrária através de agro – processamento, para além das moageiras, também começa a aparecer. “Reconhecemos a existência de problemas nas áreas da saúde e educação que não cobrem todas as zonas, mas o balanço que fazemos é mesmo positivo”, afirmou o Presidente Guebuza.
Dados do Governo provincial de Cabo Delgado, que a AIM teve acesso, dão conta de que na campanha 2009/10 foi lavrada uma área de 1.001.991de hectares de culturas alimentares diversas contra 985.947 hectares da campanha anterior. Além do aumento da área de cultivo contribuiu para o aumento da produção e produtividade a alocação atempada de semente melhorada e a assistência técnica prestada aos produtores pelos serviços de extensão. A província de Cabo Delgado conta com cerca de 255 mil agregados familiares, com um tamanho médio de cinco membros por agregado e a área média cultivada por agregado varia entre 1,5 a três hectares e os seus rendimentos atingem 1,8 toneladas por hectare no milho, 2,4 toneladas por hectare no arroz e 8,5 toneladas por hectare na mandioca.
Os dados revelam ainda que, a província possui 745 associações de camponeses com um total de 8.878 membros, dos quais 5.523 homens e 3.355 mulheres. O impacto destas associações resume-se na ajuda mútua, forte capacidade de negociação de preços, melhor aproveitamento do equipamento agrícola e capacidade negocial para a mobilização de apoios com o Governo e outras instituições. A província conta com um universo de 78 técnicos extensionistas que assistem 26.667 produtores, para que possam aumentar a produção e a produtividade de forma a proporcionar maior disponibilidade de alimentos para a população.