As primeiras eleições livres na Tunísia, desde a queda de Zine el-Abidine Ben Ali, acontecem no dia 23 de Outubro, anunciou o Governo tunisino, esta quarta-feira.
O dia da votação estava inicialmente marcado para 24 de Julho, mas já no final de Maio a Comissão Eleitoral Independente da Tunísia avançava que o escrutínio deveria acontecer apenas em Outubro – a Comissão falava em 16 de Outubro.
Esta quarta-feira, o Governo anunciou que as eleições seriam mais tarde do que o previsto para permitir ao país pioneiro da primavera árabe organizar um escrutínio livre e transparente.
“Tivemos em conta todos os pontos de vista e decidimos realizar eleições no dia 23 de Outubro”, disse à imprensa o primeiro-ministro tunisino de transição, Béji Caid Essebsi, citado pela AFP, depois de uma reunião com os vários partidos políticos.
Essebsi sublinhou que “o mais importante é a transparência das eleições” e que a “a revolução e a Tunísia têm uma reputação que deve ser protegida”.
Estas eleições – um desafio técnico e logístico para a Tunísia – serão atentamente seguidas pela comunidade internacional já que representam um teste à transição democrática de um país recentemente saído de uma ditadura.
Para que as eleições decorram em “boas condições”, o primeiro-ministro de transição pediu também a todos os tunisinos que “acabem definitivamente com todas as formas de greves e protestos” já que o país, em dificuldades económicas, “não suporta mais perturbações”.
As dificuldades na preparação destas eleições vão desde a necessidade de inscrever três milhões de eleitores em listas eleitorais; o facto de em dez milhões de tunisinos, pelo menos 500 mil em idade de votar não possuírem bilhete de identidade; até, entre outros entraves, à situação de o país ter de se dotar de um sistema electrónico.
A maioria dos partidos políticos já declarou aceitar o adiamento das eleições, para melhor se poder preparar. A questão da marcação das eleições fora uma questão polémica já que alguns partidos entendiam ser preferível realizá-las o mais cedo possível, com receio de que o governo interino não cumprisse a promessa de promover a transição para a democracia.
A nova Assembleia constituinte que sair destas eleições deverá redigir uma nova Constituição, que substitua a do antigo regime. Depois de 23 anos no poder, Ben Ali fugiu da Tunísia a 14 de Janeiro deste ano, na sequência da revolta popular que deu início à chamada primavera árabe.