Estamos a 87 dias dos Jogos Africanos de 2011. Muito para além dos resultados desportivos, que cada vez fica mais evidente que não os teremos, os Jogos poderiam ser uma montra para cidade das acácias, que apesar de nas ultimas décadas não registar novas grandes novas atracões turísticas, tem uma rica história e o nosso clima é um deleite para muitos turistas. Grandes investimentos tem sido feitos para criar condições para a capital moçambicana acolher os visitantes, maioritariamente atletas, mas pouco se tem feito para tirar dividendos, financeiros ou de imagem, destes dias em que os olhos do continente deverão estar para aqui virados – e quiçá os olhos do mundo.
Os responsáveis do COJA, o Ministro da Juventude não se cansam de repetir, ante a pouca divulgação dos Jogos no pais, que em breve vai começar uma campanha de marketing! Datas não há mas o timing é cada vez mais apertado e se muitos moçambicanos, particularmente os que vivem nas províncias sentem que estes Jogos são mais dos maputenses do que seus, também nada se tem feito para trazer turistas africanos – com a crise na Europa e Américas vimos aumentarem os africanos que fazem turismo nos últimos anos – e de outros cantos do Globo.
Na edição da revista de bordo da companhia aérea Sul africana (SAA), Sawubona, a cidade de Londres faz a capa da edição de Junho. E porquê? Porque daqui a um ano começam os Jogos Olímpicos de 2012 que vão disputados na capital do Reino Unido. No interior três páginas traçam o roteiro básico de um cidade que todos os anos recebe 20 milhões de turistas – quase o universo de moçambicanos. Será que Londres precisa de mais divulgação para atrair turistas? Concerteza que sim, por isso os responsáveis pelo turismo de lá, apesar de todos já termos ouvido falar na centenaria cidade não param de anunciam e “plantar” artigos em todo tipo de media pelo Globo. Talvez tenha sido devido a esta permanente divulgação que os bilhetes para as Olimpíadas dos próximo ano tenham sido já vendidos em grande parte.
É comum quando pensamos nos nossos Jogos imaginarmos que o COJA é responsável por tudo. O que não nos recordamos é que para um país funcionar todos os actores tem responsabilidade de fazerem a sua parte e devem ser envolvidos.
Está claro que em matéria de turismo a responsabilidade é do respectivo Ministerio que, como é praxe, dirá não ter fundos e estar a trabalhar em algum plano que ninguém sabe dizer concretamente o que é e principalmente ninguém vê nada. Fica aqui a sugestão, afinal nunca é tarde para recuperar o tem perdido, de começarmos já a divulgar mais o Jogos.
E divulgar não é pôr o Cojito (*) na rua, mas sim fazer marketing e muitas relações públicas. É preciso trabalhar a imagem de Mocambique para lá dos problemas do subdesenvolvimento. Se continuarmos a aguardar pacientemente que os turistas venham por sua iniciativa bem podemos esperar sentados, como fizemos com os turistas fantasmas do mundial… e, no dia 20 de Setembro, irão aparecer os nossos dirigentes a dizer que os turistas não vieram por culpa dos medias!
(*) Cojito – que estranho nome para uma mascote, não tenho memória de um evento desportivo com esta magnitude onde o nome da mascote fosse o diminutivo da sigla do comite organizador. As mascotes costumam ter um nome representativo do evento e/ou da cultura do país anfitrião.