Uma promessa não foi cumprida, mas outra foi. Os Chipolopolo continuam a construir bonitas histórias nos jogos com os Mambas, agora com um triunfo esclarecedor, que mais uma vez deixou Mart Nooji sem cumprir a sua promessa.
Houve surpresa? Sim e não. Não, porque a história diz que os Chipolopolo só por uma vez cederam um empate aos moçambicanos. Sim, porque, apesar dos números folgados, o melhor jogador moçambicano em campo foi Kampango.
Ainda assim, não se pode dizer que os zambianos fizeram um grande jogo. Isso fica para quem não tem passado nas competições africanas, para quem não está habituado a ser feliz quando joga com Moçambique. Em 35 anos de vida de Moçambique com o país, a Zâmbia resiste, está de pé, e a sua alma também, liderada pelos pés de Cristhofer Katongo.
Filme do jogo
A Zâmbia destruiu a resistência dos Mambas com a mesma contundência que vem demonstrando ao longo da história nos confrontos com o combinado nacional. No Schanga Stadium não houve jogo para além do permitido por Cristhofer Katongo, que marcou dois golos e “surpreendeu” Mart Nooji…
Nesta ocasião, o capitão zambiano é tributário da leveza defensiva dos Mambas, que lhe concedeu facilidades extremas nos dois primeiros golos. A melhor foi a primeira, uma defesa incompleta de Kampango, com a bola a cair entre os dois centrais, aos quais se impôs um tremendo Katongo.
Por ironia, foi um pontapé inofensivo que derrubou a resistência de uns moçambicanos que nunca pareceram ter sangue nas veias. Os dois golos de Katongo deixaram KO uns Mambas que só sobreviveram enquanto durou o oxigênio de Kampango. Os pupilos de Mart Nooji não foram, como prometeu o seu treinador, uma equipa com mais futebol do que coração.
Os Mambas só jogaram 45 minutos. Porém, depois do intervalo, Katongo destruiu literalmente os sonhos de Mart Nooji. O primeiro golo, já se sabe, nasceu de um erro de marcação. Depois, um mau corte de Zainadine Junior, para o centro do terreno, resultou num ataque rápido para Zâmbia, coroado pelo segundo golo de Katongo.
Se houve peleja, aí terminou. A partir desse momento, a tarde se converteu num carrossel de ocasiões dos visitados, que quase sempre procuram a baliza de Kampango. Aliás, os Chipolopolo ganharam no Schanga Stadium, como fizeram na Machava. No Schanga Stadium também sorriram.
Os zambianos foram a equipa sincera do Estádio da Machava. A bola não queimou e se converteu numa arma de destruição em massa quanto a baliza moçambicana aparecia em ponto de mira. Kampango esteve sempre ameaçado.
Os zambianos saíram num 4x4x2 que se transformava em 3x5x2. Katongo foi o maior perigo dos zambianos quando tinham a bola. Os Chipolopolo mandavam no jogo. Porém, chegaram ao segundo depois de um falhanço incrível de Dominguez, cara a cara com o guarda-redes, o internacional moçambicano atirou para as nuvens. Esse falhanço foi o princípio do fim para os Mambas.
Os Mambas, em desvantagem foram tendo mais bola. Porém, 11 minutos depois do falhanço de Dominguez, o meio-campo estendeu uma passadeira a Collins Mbesuma que fez o terceiro. Ao contrário do que prometeu Mart Nooji, parecia que este final estava predestinado. Era, ao menos, o que dizia a história por várias razões. A primeira, porque a Zâmbia é mais equipa. A segunda, porque a tradição ainda é o que era. A terceira, os Chipolopo estão cinco lugares à frente dos Mambas no Ranking da FIFA. Em suma: Moçambique averbou cinco golos nos dois últimos jogos com a Zâmbia. Aliás, também na tabela classificativa a Zâmbia tem mais cinco pontos do que Moçambique. Essa é, diga-se, a diferença entre os dois combinados.