Celebra-se, próximo dia 5 de Junho, domingo, o Dia Internacional do Meio Ambiente. A propósito, a Justiça Ambiental, uma das organizações mais renomadas em defesa do meio ambiente em Moçambique, denuncia que o país não tem condições morais para a celebração da efeméride.
“Como podemos pensar em celebrar o dia 5 de Junho, dia Internacional do meio Ambiente, quando o ambiente em Moçambique está em agonia?” – questiona a organização em comunicado enviado à nossa Redacção.
O dia mundial do ambiente começou a ser comemorado em 1972 com a preocupação cada vez maior de abordar e tentar minimizar assuntos ambientais que unissem o planeta inteiro.
A partir desta altura, esta data tornou- se numa referência mundial para promover acções de reflexão e consciencialização da população e dos líderes mundiais sobre os perigos cada vez maiores dos problemas ambientais no Planeta Terra.
Entrentanto, a Justiça Ambiental recorda no seu comunicado alusivo a data que a Constituição da República de Moçambique consagra no seu artigo 90, o direito de todos os cidadãos de ter um ambiente equilibrado e o dever de protegê-lo, mas existe a lei e a implementação dessa mesma Lei, coisa que infelizmente e na maioria das vezes não resulta no nosso País.
“Moçambique atravessa um momento particularmente preocupante, visto que nestes últimos dez anos testemunhamos a mobilização sem precedentes de grandes investimentos que nada fizeram por preservar e proteger o meio ambiente ou melhorar a vida das comunidades rurais”.
A organização denuncia os maiores problemas ambientais no país hoje estão directa e indirectamente relacionados aos grandes projectos nos sectores de mineração, petróleo, florestas, barragens, grandes plantações de monoculturas, usurpação de terra, agro- negócio e erosão, com a sua exploração intensiva e insustentável dos recursos naturais.
Para agravar a situação, segundo a Justiça Ambiental, a insuficiente capacidade institucional da administração ambiental e ineficácia dos processos de tomada de decisão política a todos os níveis, com uma ausência de perspectivas ambientais e planificação estratégica, na governação e no desenvolvimento de Moçambique juntando a escassez de informação ambiental credível, actualizada e acessível à sociedade, só pioram a situação ambiental em Moçambique, sem sequer ter uma noção real dos seus impactos nos recursos naturais para o futuro do País.
“Hoje estamos também perante cenários nacionais e mundiais graves marcados pela problemática das mudanças climáticas com impactos perigosos na vida quotidiana da maior parte da população mundial”.
Segundo a referida organização pró-ambiente, pensar no desenvolvimento no nosso país sem ter em conta os impactos das mudanças climáticas, é na melhor das hipóteses uma grande irresponsabilidade.
“Para o hemisfério Sul, e especialmente em África, questões ambientais não são um luxo. Impedir o aquecimento global e proteger e recuperar nossos sistemas naturais são questões de vida ou morte para boa parte da população mundial” – citando Wangari Maathai – Bióloga, ecologista e activista ambiental, vencedora do Prémio Nobel da Paz em 2004 e Vice Ministra do Meio Ambiente do Quénia.
A Justiça Ambiental cumina referindo que o planeta Terra está agonizante, e não podemos pensar sequer em querer celebrar este dia enquanto o ser humano não começar a ter vontade de mudar o rumo desta trágica trajectória.