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Dissidentes cubanos pedem investigação à morte do dissidente Juan Soto

A Comissão Cubana dos Direitos Humanos pediu a abertura de um inquérito para averiguar as causas da morte do dissidente cubano Juan Wilfredo Soto. “Não há dúvida de que há uma relação de causa e efeito entre ter sido espancado pela polícia e a sua morte. Exigimos ao Governo que abra uma investigação e aponte responsabilidades”, disse à Reuters um representante do grupo, Elizardo Sanchez.

Segundo Sanchez, e apesar de nos últimos meses terem sido libertados dezenas de dissidentes — a grande maioria trocou a liberdade pelo exílio — a repressão adensou e a “brutalidade” da polícia para com os dissidentes é maior. Juan Wilfredo Soto tinha 46 anos e era uma das primeiras figuras da dissidencia ao regime castrista da cidade de Santa Clara, a 275 km de Havana.

Na quinta-feira da semana passada, durante um protesto, foi espancado pela polícia e preso. Pouco depois, foi libertado e deu entrada no hospital Arnaldo Milian, onde morreu no domingo de manhã. O funeral foi nesta segunda-feira e assitiram à cerimónia 80 pessoas, muitas delas conhecidos dissidentes locais. Soto, que esteve preso 12 anos por motivos políticos, pertencia ao Pólo Antitotalitário Unido, a que também pertence Guillermo Fariñas, prémio Sakarov do Parlamento Europeu em 2010.

Fariñas considerou a morte de Soto “um assassínio”. “Foi um crime, um assassínio, e o responsável é o Governo por incentivar a violência policial”, disse Fariñas que participou no protesto de quinta-feira e que afirmou que não deixará “o assassino impune”. O dissidente sofria de hipertensão, de diabetes e tinha outros problemas de saúde.

Segundo o médico Ruben Aneiro Medina, do hospital Arnaldo Milian, a morte deveu-se a pancriatite e a insuficiência renal. Porém, segundo o “El País”, a certidão de óbito demorará 15 dias a ser passada e vários dissidentes consideraram que não morreu devido aos problemas que tinha, mas da tareia que levou da polícia.

No ano passado, o Governo cubano foi duramente criticado pela forma como tratava os dissidentes depois da morte de Orlando Zapata Tamayo. Preso político de 42 anos, condenado a uma pena de 36, começou uma greve de fome pela libertação dos presos políticos e morreu ao fim de 85 dias.

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