A mineradora brasileira Vale do Rio Doce, que no último domingo começou oficialmente a explorar carvão na província de Tete, no centro de Moçambique, vai recorrer ao uso de camiões para o transporte de carvão mineral desde as minas em Moatize até ao porto da Beira, onde o carvão será exportado, como alternativa ao não funcionamento da linha férrea de Sena, indicou anteontem o presidente da empresa mineira, Roger Agnelli.
Segundo o Diário de Moçambique, a Vale vai adquirir um indeterminado número de camiões de grande tonelagem, apesar de considerar que os Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) assumiram o compromisso de acelerar as obras de reabilitação da ferrovia. Agnelli sublinhou repetidamente que a contraparte transportadora “deve acelerar a conclusão da linha ferroviária. O projecto está atrasado”. Acrescentou que a opção rodoviária é onerosa, mas é melhor para fazer o escoamento nas condições actuais da ferrovia do que deixar um investimento de dois biliões de dólares americanos sem transporte.
A fonte garantiu ao Diário de Moçambique que a mineradora dá prioridade ao escoamento de carvão de Moatize através da linha de Sena. Contudo a capacidade instalada neste sistema não atinge mais de seis milhões de toneladas anualmente. “Há limites que vão entre quatro milhões e seis milhões de toneladas a transportar por ano”, disse.
Perante esta realidade, Roger Agnelli falou sobre a opção pelo Corredor de Desenvolvimento do Norte (CDN). A iniciativa está inserida na actual construção de uma ferrovia através do vizinho Malawi, sendo este o principal “cavalo de batalha dos brasileiros”, dado que esta companhia assumiu 51 por cento das acções no projecto. Todavia, a linha férrea constitui “uma gota de água no oceano”. A terminal de águas profundas é o cerne da questão. “O investimento no Corredor de Nacala permitirá ser a principal via de escoamento e abastecimento de produtos do norte de Moçambique, Malawi, Zâmbia, além de propiciar o aumento do nível de serviço e frequência do comboio de passageiros. É preciso acelerar os investimentos em Nacala”, enfatizou.
Com efeito, a Vale vai exportar 40 milhões de toneladas nos próximos cinco anos, um salto de 22 milhões, após quatro anos. Em 2012 a produção exportável atingirá sete milhões de toneladas.