O Presidente da República de Moçambique, Armando Emílio Guebuza, não visitará a sede distrital de Marínguè, na “presidência aberta” que inicia, esta segunda-feira, à província de Sofala, como chegou a ser aventado inicialmente, não havendo justificação oficial para a mudança de plano.
A pista de aterragem da sede distrital de Marínguè, aberta pelos gurrilheiros da RENAMO durante a guerra civil (1976/1992), foi palco de troca de tiros no mês passado, envolvendo homens armados não devidamente identificados e elementos da Força de Intervenção Rápida (FIR) que protegiam trabalhadores que procediam à sua limpeza para acolher as aeronaves do Presidente da República nesta digressão.
Marínguè foi, até ao fim da guerra civil em Moçambique, em 1992, base central da RENAMO, mantendo, até hoje, algures nas suas selvas, homens armados estimados em cerca de 500 efectivos, alegadamente membros do regimento de protecção dos responsáveis políticos da organização em todo o país.
Porque os trabalhos de limpeza da pista de aterragem não prosseguiram e não é possível utilizá-la, dado que a RENAMO a reclama como sua, o Presidente da República visitará outros locais do distrito de Marínguè, esta terça- feira, incluindo a floresta comunitária de Gravata, depois de trabalhar esta segunda- feira em Bándua (no distrito de Búzi), Cheringoma e Marromeu.
Mutismo pela paz Fracassaram as nossas tentativas de ouvir os comentários do delegado político da RENAMO na província de Sofala, Manuel Lole, como de uma fonte habilitada da Polícia da República de Moçambique (PRM) nesta região, sobre a actual situação em torno da pista de Marínguè.
Soubemos, entretanto, de alguns jornalistas de Sofala, que tanto a RENAMO como a PRM declinam falar sobre os incidentes ocorridos no mês passado na pista de Marínguè, alegadamente para “não perigar a paz”.
“Não falemos mais no assunto porque isso pode atiçar violência com repercussões graves contra a paz que vivemos agora”, terá assim reagido um elemento da RENAMO quando semana passada foi abordado para comentar a situação, atitude aparentemente adoptada também pela PRM.
Ao que apurámos, o Governo de Sofala tem em mãos um projecto para a abertura de uma pista de aterragem para aeronaves na sede distrital de Marínguè, para permitir deslocações de dignitários por via aérea para aquele local sem mais constrangimentos.