O líder da Renamo, o maior partido da oposição em Moçambique, Afonso Dhlakama, está a enfrentar uma rebelião interna que tenciona afastá-lo da liderança do partido.
Vitano Singano, ex-segurança pessoal de Dhlakama e membro da Comissão Política Nacional da Renamo, convocou, Terça-feira, a imprensa, na cidade da Beira, província central de Sofala, para informar que a intenção é acabar com a gestão danosa dos fundos do partido e conflitos internos que fragilizam a segunda maior força política no país.
“Decidiu-se aumentar o salário dos quadros do partido mas, neste momento, a Renamo só gasta meio milhão de meticais (cerca de 15 mil dólares) a nível de todo o país. Os delegados políticos distritais apenas recebem 500 meticais. Isso é incrível.
Dhlakama é quem fica com todo o dinheiro. O partido está a perder a sua influência política, dando espaço a outros movimentos políticos emergentes.
Nós na Renamo criticamos os nossos adversários políticos, mas fazemos exactamente aquilo que criticamos”, declarou Vitano Singano.
A fonte anunciou, na ocasião, que a rebelião integra alguns chefes de departamentos no activo e deputados do parlamento moçambicano desta formação política. Ele anunciou, para breve, o lançamento de um portal na Internet que visa divulgar os ideais do grupo.
“Na reunião que tivemos em Maputo (capital do país) decidimos que não queremos afundar o partido, que os guardas de Afonso Dhlakama não sirvam apenas ao nosso líder e que estes tenham também um salário condigno, queremos que sejam cumpridos os princípios estatutários do partido. Sabemos que Dhlakama não vai aceitar estes pedidos mas iremos até as últimas consequências porque o partido não pode, de forma nenhuma, continuar a ser património de alguém (Dhlakama) mas sim de um colectivo’’, observou Singano.
Entretanto, a edição da quinta-feira do jornal “Noticias” cita o chefe do Departamento de Mobilização da Renamo, a nível da província de Sofala, Horácio Calavete, a desvalorizar as informações de Singano. Calavete disse que tudo não passa de mentiras e declarações infundadas.
“São declarações infundadas, pois não há nenhum grupo criado no seio da Renamo. É uma mentira. Tudo não passa de uma farsa para procurar protagonismo pois, na Renamo, tudo corre bem e muitos membros que haviam se filiado ao Movimento Democrático de Moçambique (MDM) já retornaram ao partido”, frisou a fonte.