Apesar das importantes reformas adoptadas pelo Governo e seus parceiros de cooperação durante os últimos dez anos, ainda prevalecem os factores que limitam o desenvolvimento e expansão do sector financeiro em Moçambique.
Estes factores incluem a exiguidade de infra-estruturas de transporte e comunicações, de abastecimento de água e energia, bem como instrumentos legais específicos e flexíveis, e capacidade humana.
Esta situação afecta sobremaneira as populações que vivem nas zonas rurais e periurbanas, pois não conseguem abrir uma conta bancária e muito menos ter acesso ao crédito.
O Governo reconhece esta situação e, segundo o Ministro das finanças, Manuel Chang, para se ultrapassarem estes obstáculos, exige-se uma maior audácia de todos os sectores da sociedade.
De acordo com Chang, o Governo está consciente da importância do sector financeiro como um dos motores para estimular o crescimento e desenvolvimento socio-económico do país.
“Acreditamos que um dos importantes canais através do qual o sector financeiro tem promovido o crescimento é a oferta de crédito às empresas para a criação de condições para a introdução de inovações tecnológicas de produção na economia e de novas oportunidades de emprego” disse.
“A extensão da oferta de crédito e de outros serviços financeiros à grande maioria da população menos favorecida é um dos desafios que deve ser assumido e enfrentado pelo Governo e por outros agentes económicos”, acrescentou.
Chang fez estes pronunciamentos durante o seminário sobre Estratégia do Sector Financeiro, realizado, Quinta-feira, em Maputo. A estratégia tem por objectivo orientar as reformas a serem adoptadas pelo Governo nos seus esforços para a melhoria do sector financeiro nos próximos anos e promover o desenvolvimento da indústria microfinanceira.
Assim, o encontro deverá produzir recomendações para a melhoria desta estratégia. Na ocasião Chang frisou que nos últimos 10 anos, o Governo, em colaboração com os seus parceiros de cooperação tem vindo a introduzir “importantes” reformas no sector financeiro, para assegurar o seu desenvolvimento e consolidação.
Para Chang, os resultados destas reformas têm sido positivos e encorajadores, num cenário caracterizado pelo crescimento do número de instituições financeiras e sua tendência de expansão a nível nacional.
Outro resultado das reformas, segundo Chang, é a contínua solidez do sector, com destaque para a qualidade dos activos que “melhorou substancialmente”.
Entretanto, apesar destes progressos no sector financeiro, o Governo considera que alguns desafios prevalecem em relação à oferta de crédito e outros serviços financeiros.
“Referimo-nos com desagrado que o nosso país ainda regista um baixo nível de inclusão financeira, comparativamente aos demais países da região Austral, pois até 2009 apenas 10 por cento da população moçambicana tinha conta bancária e cerca de três por cento é que possuía crédito junto do sector financeiro formal” disse Chang, para de seguida acrescentar “do mesmo modo, o acesso ao crédito por parte de pequenas empresas continua baixo”.
Para Chang, o desenvolvimento das micro-finanças em Moçambique representa um grande desafio, uma vez que este segmento financeiro constitui importante instrumento para garantir o acesso ao crédito inclusivo, através da provisão de serviços financeiros aos pequenos e médios investidores privados.