Mais de metade dos fundos alocados pelo Estado moçambicano ao Ministério da Saúde (MISAU) são canalizados para áreas ligadas ao HIV/ SIDA, revelam dados apresentados esta quarta-feira, em Maputo, pelo titular do pelouro, Alexandre Manguele.
Falando no 1º Fórum Anual de Reflexão Social, durante um tema intitulado “Impacto Económico do HIV/SIDA em Moçambique”, Manguele disse que o MISAU dispõe de um orçamento anual de 138,7 milhões de dólares americanos, dos quais 78 milhões para programas de HIV/ SIDA.
“Nós temos um orçamento de 138,7 milhões de dólares para todo o sistema de saúde, incluindo a aquisição de ambulâncias, construção de unidades sanitárias, entre outras actividades, mas só a área de HIV/SIDA tem um orçamento de 78 milhões de dólares ”, disse o ministro.
Na sua intervenção, o Manguele reconheceu que o maior problema do HIV/ SIDA em Moçambique é o subfinanciamento, havendo a obrigatoriedade do sector lidar com uma situação que exige recursos muito acima dos existentes no país.
“Até hoje nós temos pessoas que chegam a percorrer cem quilómetros para chegar a unidade sanitária mais próxima”, disse o governante, para ilustrar o nível das necessidades do país nesta área particular da saúde.
Todos os oradores no primeiro painel deste tema concordam quanto a necessidade de expandir o tratamento antiretroviral, mas também de intensificar as medidas de prevenção desta doença, cujo índice de seroprevalência se estima em 11,5 por cento nas pessoas entre os 15 a 49 anos de idade.
Segundo Manguele, o Governo dedica 35 milhões de dólares para trabalhos de consciencialização de pessoas sobre as medidas de prevenção do HIV/SIDA.
“Não estamos satisfeitos com esse investimento, mesmo sabendo que sem isso a situação seria pior ainda”, disse ele, quando questionado pela moderadora do debate se o Governo estaria satisfeito com os resultados.
O ministro disse que de um universo de 1,7 milhões de pessoas infectadas pelo vírus da SIDA (alguns dos quais ainda na fase inicial), apenas 250 mil têm acesso ao tratamento antiretroviral.
“Não podemos estar satisfeitos com isso”, explicou, para de seguida acrescentar que “por isso, o desafio é continuarmos a tratar os doentes e intensificar as medidas de prevenção, sobretudo quando sabe-se que se trata de uma questão de atitude, uma vez que o maior número de infectados são indivíduos com um elevado nível de escolaridade”.
Organizado pelo grupo SOICO, através do programa “Moçambique em Acção”, este fórum é financiado pela Embaixada dos Estados Unidos da América em Moçambique e conta a Primeira-Dama da República, Maria da Luz Guebuza, como patrona. Participam no evento representantes do governo, organizações da sociedade civil, académicos, entre outros convidados.