O presidente do Egito, Hosni Mubarak, deve renunciar ainda nesta quinta-feira, depois de mais de duas semanas de protestos contra seus 30 anos no governo. Segundo o grupo oposicionista Irmandade Muçulmana, a situação parecia indicar um golpe militar. As Forças Armadas, que têm garantido apoio aos governantes egípcios nas últimas seis décadas, desde o fim do período colonial, anunciaram estar tomando medidas para garantir a segurança da nação e as aspirações do povo.
A informação de que Mubarak pode estar saindo do poder provocou celebrações na Praça Tahrir, no centro do Cairo, que concentra as manifestações pró-democracia, mas houve também preocupação sobre o futuro papel do Exército. Indagado sobre se Mubarak iria renunciar, uma autoridade egípcia disse à Reuters: “Muito provavelmente”.
A TV estatal informou que Mubarak vai fazer um pronunciamento à nação de seu palácio no Cairo, nesta quinta-feira. Segundo a emissora britânica BBC, o chefe do partido político de Mubarak afirmou que ele provavelmente vai deixar o cargo. “Falei com o novo secretário-geral do governista Partido Democrático Nacional, Hossan Badrawi”, disse um repórter da BBC. “Ele afirmou: ‘Espero que o presidente entregue seus poderes esta noite”. Depois, a TV estatal mostrou Mubarak reunido com seu vice, Omar Suleiman, em seu palácio no Cairo.
O general Gassan Roweny disse a dezenas de milhares de manifestantes na Praça Tahrir (da Libertação): “Tudo o que vocês querem será realizado.” As pessoas gritavam: “civil, civil. Nós não queremos que seja militar” — em um apelo para que haja eleições livres para o governo. Ainda não está claro o quanto as Forças Armadas estão dispostas a aceitar isso.
“Parece ser um golpe militar”, afirmou à Reuters um líder do grupo oposicionista Irmandade Muçulmana. “Sinto medo e ansiedade. O problema não é com o presidente, é com o regime”, disse Essam al-Erian.