Os primeiros resultados do referendo no sul do Sudão indicam que a grande maioria votou pela separação do norte e a formação de um novo país. Os resultados totais da votação só serão divulgados no próximo mês, mas espera-se que a região avance com a separação. Nos primeiros dados, há indicação que 97% dos sudaneses do sul que vivem na Europa votaram a favor da formação de um novo Estado.
O referendo histórico foi parte de um acordo de paz assinado em 2005, que pôs fim a décadas de guerra civil entre o norte sudanês, maioritariamente muçulmano, e o sul, onde predominam o Cristianismo e outras religiões.
A votação começou no dia 9 de janeiro e foi oficialmente encerrada na noite de sábado. O diretor da Comissão de Referendo Sudanesa do Sul, Mohamed Ibrahim Khalil, disse que mais de 80% compareceram às urnas, além de 53% dos eleitores do norte e 91% dos sudaneses que moram noutros oito países com centros de votação. Superou-se, assim, o mínimo de 60% de votantes necessário para se validar o referendo.
Apelo
Observadores internacionais no local têm-se mostrado optimistas, dizendo que o processo de votação foi livre e justo. O correspondente da BBC em Juba – que deverá ser a futura capital do Sudão do Sul – disse que o resultado foi um grande alívio para a região.
No entanto, o processo foi marcado por um ataque mortal a um comboio de civis do sul no início da semana. O grupo voltava para casa depois de votar, quando foi alvo de uma emboscada perto da fronteira entre o norte e o sul, na disputada região de Abyei, rica em petróleo.
O Secretário-Geral da ONU Ban Ki-moon elogiou “todas as pessoas do Sudão pela demonstração de sabedoria, paciência e determinação pacífica que caracterizou a votação”. Mas alertou que os sudaneses do sul devem continuar a “exercitar a paciência e a moderação” durante a contagem dos votos.
Perdão
O presidente do Sudão, Omar al-Bashir, prometeu aceitar os resultados do referendo, mesmo que isso signifique a divisão do maior país africano. Num anúncio feito numa catedral católica em Juba este domingo, o ex-líder rebelde Salva Kiir pediu que os sudaneses do sul perdoassem o norte pelos assassinatos que aconteceram durante a guerra civil.
Kiir foi eleito presidente do sul do Sudão em 2010 também como parte do acordo de paz entre as duas regiões.