Um exemplo de empreendedorismo, uma actividade que ainda que menosprezada, dela há quem consegue sobreviver. Faça chuva, faça sol ou que intempéries, estes dois jovens deambulam pelas ruas e avenidas da capital à pesca das sucatas.
Um deles de nome Timóteo Zaqueu Manhiça, nasceu na localidade de Malamba, distrito da Massinga, província de Inhambane. Timóteo é pai de dois filhos, os quais encontram-se sob custódia da sua esposa em Inhambane.
Veio à Maputo em 2000 com o fito de arranjar um emprego para dele ganhar qualquer coisa para sustentar os seus dois filho e esposa. Este Jovem fez a sétima classe em 1997, não pode ingressar ao ensino secundário devido a falta de condições para o efeito. Ele é canalizador, profissão que aprendeu na vizinha África do Sul. Infelizmente, nos conta Timóteo, que nunca apanhou um trabalho relacionado pelo menos com a sua profissão de canalização.
Timóteo, por não apanhar um emprego, acabou pautando pela recolha ou compra de sucatas para a sua posterior venda. É destas sucatas que ele consegue garantir a sobrevivência da sua família em Inhambane. Segundo esta nossa fonte, em média ele envia à família o valor de 2000 Meticais para os seus dois filhos e esposa que estão lá na terra.
Maurício e Timóteo por baixo do sol abrasador
Começam a caminhar pela cidade às 7 da manhã e só terminamos às 17 horas, empurrando aos poucos o seu txova de sucatas.
Chegado a Maputo, Timóteo conhece um jovem de nome Maurício Raimundo Baúle, por sinal seu conterrâneo, com o qual alinha no trabalho de recolha de sucatas. Convida-o em 2007 para viverem juntos no Bairro do Aeroporto A, Cidade de Maputo.
É com procedência no bairro do Aeroporto que a dúpla (Timóteo e Maurício) faz quilómetros e quilómetros pela ruas e avenidas da Cidade de Maputo adentro, empunhando a sua carinha do tipo ?txova?.
Ambos começam a fazer as suas incursões pedestres às 7 da manhã e só terminam por volta das 17 horas, ou seja, trabalham durante 10 horas por baixo do sol, da chuva e de outras intempéries, isso de segunda a domingo.
Timóteo nos conta bem sorridente como começou a fazer o trabalho de recolha de sucatas: “Num belo dia, vi um camião no mercado vulcano a descarregar sucatas, e perguntei aos que se encontravam sobre o camião, como e onde é que posso apanhar sucatas e, responderam que tenho que andar pelas ruas e avenidas da cidade para apanhar sucatas. Pois, elas existem, é só uma questão de procurá-las”, afirmou para concluir “Enquanto não conseguir um emprego, vou continuar na recolha de sucatas”.
O jovem Timóteo assegurou a nossa reportagem que enquanto não conseguir um emprego, vai continuar na senda da recolha de sucatas. Para ele, antes vale andar a pé pelas ruas e avenidas da Cidade de Maputo, do que nada fazer ou estar por aí a extorquir bens alheios.
Pouco diferente do Timóteo, Maurício Raimundo Baúle, nascido no distrito da Massinga, província de Inhambane, não foi à escola e nem tem sequer alguma profissão. Questionámo-lo de que ano era, ao que respondeu, ? não sei quando é que nasci, só sei que tenho 30 anos de idade?.
A semelhança do seu comparsa, Maurício Baúle veio à Maputo com o fito de conseguir um emprego, do qual ganharia algo para sustentar os seus 4 filhos que se encontram em Inhambane sob custódia do seu pai, avô dos seus filhos. Este jovem disse que o seu pai é que se responsabiliza pelos seus 4 filhos de cuja mãe ele separou-se. ? Desde que cheguei aqui em Maputo em 2007, nunca enviei algum dinheiro ou qualquer coisa para os meus filhos lá em casa, na Massinga?, avançou.
Maurício, com a sua alti-falante para anunciar a recolha de sucatas “…Se chegar a minha Vez de receber o xitique vou levar o dinheiro para Massinga”
Maurício disse que ainda não enviou nada para a família, não porque não consegue alguma coisa. Do pouco que ele apanha desde o ano passado pela recolha de sucatas faz o “xitique”, conjuntamente com os seus 5 amigos negociantes na junta, algures na Cidade de Maputo.
“Ainda não chegou a minha vez de receber, se chegar a minha vez, o dinheiro que eu receber vou levá-lo para Massinga, como forma de mostrar a família o que consegui em Maputo “, desabafou.
Este jovem segundo deu a conhecer ao @verdade, se for a Massinga, a terra que o viu nascer, ficará uns quantos meses por lá e, depois retornará à Maputo para recomeçar com o seu trabalho, enquanto não apanhar um emprego condigno, que não o deixe entregue a sua sorte.