O Presidente Goodluck Jonathan foi designado candidato do Partido Popular Democrático (PDP, no poder) às eleições gerais de abril próximo na Nigéria. No termo duma eleição primária que durou toda a noite em Eagle Square em Abuja, Goodluck Jonathan obteve dois mil 736 votos para vencer os seus adversários, o ex-Vice-Presidente Atiku Abubakar (805 votos) e a única candidata feminina, Sarah Jubril (um voto).
« É com uma grande humildade que aceito este mandato extraordinário que me confiaram. Nunca vos abandonarei », prometeu o Presidente no seu discurso de agradecimento. Ele saudou a organização « transparente, livre e justa » da eleição, afirmando que tendo em conta o resultado os membros do partido escolheram a unidade do país além de qualquer outra consideração.
Ao tentar apaziguar as profundas divisões no seio do primeiro partido político da Nigéria, após uma campanha interna considerada como a mais « execrável » da história do país, Jonathan apelou « aos seus adversários » que « combateram com elegância » para trabalhar com ele. « São momentos raros na história deste país. É nossa responsabilidade ouvir os Nigerianos e orientar o país para a direção que quer o povo », disse Jonathan.
Ele descreveu a sua vitória como a dos membros do PDP e de todos os Nigerianos pois « ela nos aproxima da transformação da Nigéria ». Durante o voto, cinco mil delegados dos 36 Estados do país e do território da capital federal escolhidos nos congressos dos Estados, das circunscrições eleitorais , dos Governos locais, estiveram em fila para votar no quadro dum escrutínio dito « secreto e aberto ». Mas, o caráter ordeiro do processo dissimulou as campanhas furiosas realizadas pelos candidatos, nomeadamente entre o Presidente Jonathan, cristão do Sul originário da província do Delta do Níger produtora de petróleo, e Abubakar, muçulmano do Norte.
A campanha execrável foi intensificada pelo desacordo sobre o sistema dito de « zonagem » política em vigor no PDP, em virtude do qual a Presidência é rotativa entre o Norte essencialmente muçulmano e o Sul maioritariamente cristão. Os nortistas do partido afirmam que é a sua vez de ocupar a Presidência, após dois mandatos do ex-Presidente Olusegun Obasanjo, cristão do Sul, concluídos em 2007. Apesar de o sucessor de Obasanjo, Umaru Yar’adua, ser muçulmano do Norte, ele não terminou, no entanto o seu primeiro mandato.
Ele morreu a 5 de maio de 2010, abrindo assim a via para o seu Vice-Presidente da época, Jonathan. No entanto, não se sabe se a transparência do escrutínio vai apaziguar a fúria dos delegados afligidos, alguns dos quais consideravam Abubakar como o « candidato de consenso » da eleição primária.
Apesar de ter cumprimentado o Presidente Jonathan após o anúncio dos resultados, o facto de Abubakar não aguardar pelo discurso de agradecimento do Presidente poderá ser um signal precursor para o futuro. Entre os adversários do Presidente Jonathan às eleições gerais de abril figura o ex-Presidente militar Muhammadu Buhari, candidato do Congresso para a Mudança do Progresso (CPC).
O principal partido da oposição, o Congresso para a Ação da Nigéria (ACN) deve escolher o seu candidato sexta-feira. Negociações estão em curso entre diferentes partidos da oposição para formar uma « coligação Arco-Íris » para defrontar o PDP nestas eleições gerais.