Populares da aldeia Namarécua, no distrito de Montepuez, na província nortenha de Cabo Delgado, espancaram, recentemente, até à morte o seu líder comunitário, sob acusação de ser o disseminador da epidemia de cólera naquela zona.
Fátima Constantino, esposa do malogrado conta que o seu marido, que em vida respondia pelo nome de Luís Pedro, acabava de regressar da cidade de Pemba, onde havia participado numa reunião dirigida pelo governador de Cabo Delgado, Eliseu Machava, quando a multidão invadiu a sua casa.
Segundo escreve o jornal “O Pais”, citando a viúva, os populares acusam o líder de ter trazido do encontro com o governador produtos que provocam a cólera dai que invadiram a casa, amarraram o líder e levaram-no ao centro da aldeia, onde espancaram até à morte.
Actualmente, na aldeia reina um clima de medo e desconfiança, porque o presidente da aldeia, Arcanjo Salimo, afirma ter escapado por um “triz” do linchamento, pelo facto de na altura dos acontecimentos, não ter estado em casa. “Eu decidi dormir na machamba. Agora penso em mudar-me, porque já não tenho como viver aqui”, declarou Salimo visivelmente agastado pelo sucedido.
O director provincial da Saúde, Mussa Agy, diz que a onda de desinformação sobre a cólera e as mortes decorrentes da mesma devem-se, em parte, à falta de coordenação entre a estrutura das aldeias e o sector da saúde naquele ponto do país. Em conexão com o caso, o comandante distrital da polícia, Silva Paulo, disse que foram detidas 15 pessoas, indiciadas de envolvimento nos desacatos que culminaram com o assassinato do líder em referência.
Refira-se que em Dezembro último, os distritos de Montepuez e Ancuabe, registaram óbitos extra-hospitalares vítimas de diarreias agudas, acompanhadas de vómitos causadas pela desinformação protagonizada por indivíduos mal intencionados que impedem os doentes de se dirigirem ao hospital.