De 39 páginas, o discurso girou a volta da produção e produtividade, sugerindo aos moçambicanos que continuem a trabalhar para resolver o problema da segurança alimentar. O desempenho macroeconómico de Moçambique, segundo o PR, medido pelo Produto Interno Bruto, até ao terceiro trimestre, cresceu, em termos reais, em cerca de 8.5 porcento. Assinalando os ganhos na educação, saúde, agricultura e justiça, Guebuza referiu que o governo continua a realizar a formação de pessoal da saúde, no país e no estrangeiro.
“Quando nos dirigimos a esta magna casa em 2004 tínhamos 62 distritos com médico, em 2009 já tínhamos 115. Neste momento, em resultado desse processo de formação, Moçambique já tem pelo menos um médico por distrito”, disse.
Logo, prosseguiu nos seguintes termos: “Um dos objectivos da nossa acção governativa assenta na implementação da Revolução Verde, que entre outros, implica a transformação estrutural da agricultura, visando progredir de uma agricultura de subsistência para um sector agrário integrado, sustentável, competitivo e próspero que contribua para o crescimento económico em Moçambique”.
Armando Guebuza referiu-se a irrigação como um dos factores chave na implementação da Revolução Verde, dado o seu impacto no aumento da produtividade agrária, minimizando os impactos climáticos e criando condições de produção mais seguras ao longo de todo o ano.
“Foram criados sistemas de rega em 27.000 hectares para a produção de culturas alimentares, acrescido ao aproveitamento das zonas baixas e dos recursos hídricos existentes”.
O presidente sublinhou que como forma de impulsionar um dos objectivos da Revolução Verde – a segurança alimentar e nutricional, “reduzimos o preço de energia para a agricultura em 10% e os agricultores passaram a pagar apenas pelo consumo e não pela potência contratada, como era o caso no passado.
De resto, afirmou, “as nossas acções de construção e reabilitação de fontes de captação de água e de fontenários elevaram os nossos índices de cobertura. Com efeito, em 2007, a nossa cobertura era de 43% no meio rural. Em 2009 passou para 54%. Em 2007 a nossa cobertura no meio urbano era de 40%. Em 2009 passamos para 60%”.
Para o PR, por estas e outras, o somatório destas pequenas iniciativas converteu-se em grandes ganhos para a economia nacional e para a melhoria da qualidade de vida dos moçambicanos.
“Vemos mais bicicletas, mais motorizadas e mais casas construídas com tijolo, com caleiras, cisternas e mais celeiros com produtos agrícolas. Sobretudo, os 7 milhões promovem a inclusão, o sentido de pertença, a valorização das opiniões e pontos de vista de todos e a construção de consensos dentro dos Conselhos Consultivos. Este quadro revela-nos que a nação moçambicana está no bom caminho rumo à prosperidade”, resumiu.
Reacções das Bancadas Segundo o chefe da bancada parlamentar da FRELIMO, Damião José, além de fazer a radiografia geral do Estado da Nação, ou seja o diagnóstico da situação em que o país se encontra, Guebuza referiu que apesar dos avanços que temos estado a registar, urge a necessidade de enfrentar outros desafios.
“É preciso continuarmos unidos e cada um deve valorizar a auto-estima para se vencer os obstáculos que prevalecem actualmente, tal como a corrupção e a pobreza absoluta. Portanto a bancada da FRELIMO está satisfeita com o informe”, afirmou José.
Após abandonar a sala da sessão, a RENAMO convocou uma conferência de imprensa para dar a conhecer os motivos que ditaram a sua atitude.
O grupo alega que tal aconteceu por discordar da presidente da Assembleia da República, Verónica Macamo, que se recusou a dar a palavra a um deputado antes da ordem do dia.
O parlamentar quis insistir na questão do portal WikiLeaks, em que o Presidente da República é acusado de cumplicidade no narcotráfico.
Antes, a bancada da RENAMO requereu a Assembleia da República o agendamento do caso das revelações do Wikileaks para que o Governo viesse explicar a suspeição do envolvimento no tráfico de drogas de altas figuras do Estado moçambicano.
O requerimento, segundo a RENAMO, foi negado através do voto da FRELIMO, com o argumento deste não ser assunto do interesse nacional.
“Outra preocupação que preocupa a bancada da RENAMO é o facto de os orgãos de comunicação social internacionais veicularem informações, segundo as quais o partido no poder usa dinheiro do narcotráfico para financiar as campanhas eleitorais”, referem.
A bancada parlamentar do MDM, achou que o informe devia ter sido muito melhor. Várias questões serias sobre o país, foram levantadas de forma leve, no discurso do chefe de Estado.
“Não foi um discurso profundo. Gostaríamos de ouvir reacções sobre o wikileaks. O MDM, não se revê no tal bom caminho para a prosperidade e o documento do PR não passou de um plágio dos discursos anteriores”, explicou o porta-voz da bancada, José de Sousa, para logo acrescentar: o PR falou do Plano Económico e Social, mas não trouxe questões concretas como por exemplo a situação dos familiares do menino que foi morto a tiro no dia 1 de Setembro quando voltava da escola. O chefe de Estado apenas veio passear a sua classe”