O governo moçambicano está a investir anualmente entre três a 3,5 biliões de dólares norteamericanos (USD) na área de infraestruturas, como forma de estimular o desenvolvimento económico do país. Esta informação foi avançada pelo Ministro dos Transportes e Comunicações, Paulo Zucula, falando a imprensa a margem do recém terminado “Fórum de Investimento Golfo-África”, que teve lugar em Riade, capital saudita, e no qual Moçambique fez-se representar por uma delegação chefiada pelo Presidente da Republica, Armando Guebuza.
“Actualmente em Moçambique, incluindo todas as infra-estruturas de transportes, estamos a investir acima de três biliões de dólares por ano. Este montante, que é em parceria com o sector privado, está relativamente perto da figura avançada pelo Banco Mundial. Ou seja, se conseguirmos investir entre 3 a 3,5 biliões de dólares por ano, em 10 anos teremos investido praticamente cerca de 35 biliões de dólares em infra-estruturas”, disse Zucula.
Esta foi a resposta do ministro quando questionado pela AIM sobre o actual estágio do desenvolvimento de infraestruturas em Moçambique, tendo em conta vários estudos do Banco Mundial, Banco Africano de Desenvolvimento e de outras instituições internacionais apontando que o continente africano precisa de investir cerca de 93 biliões de dólares por ano, durante a próxima década, no sector como forma de manter o actual crescimento económico e reduzir o fosso com as regiões mais desenvolvidas.
Na ocasião, Zucula arrolou alguns investimentos em curso no país, afirmando “por exemplo, estamos a investir 600 milhões de dólares no Porto da Beira, 130 milhões no Aeroporto de Maputo, 10 milhões no Aeroporto de Vilankulo, 10 milhões em três aeroportos nos sistemas de navegação, 300 milhões na Linha de Sena, mais as dragagens, isto só no Ministério dos Transportes”.
“Se juntarmos a estradas e pontes que estão sendo feitas perfaz 3,5 biliões de dólares, e quase todo este dinheiro e’ um investimento do sector privado, a excepção da Linha do Sena e do Aeroporto de Maputo”, referiu.
Segundo Zucula, o governo planifica os seus investimentos na área dos transportes em função de outros investimentos, ou seja em função daquilo que está a acontecer noutras áreas que precisam de logística, nomeadamente na agricultura, mineração e turismo.
O Ministro explicou que o governo possui um plano estratégico para o desenvolvimento de infra-estruturas, que prevê um investimento de cerca de 21 biliões de dólares em 15 anos.
Questionado se já estaria assegurado o financiamento para o referido plano estratégico, Zucula disse não haver nada de concreto para os próximos anos.
“Não está nada assegurado, porque estamos sempre a negociar. Temos uma unidade que está a fazer a planificação de infra-estruturas para depois podermos, junto as instituições financeiras, assegurar o que é que vamos investir nos próximos nove anos. Neste momento, eu diria que para a nossa capacidade de gestão para as nossas necessidades não temos défice de financiamento”, asseverou o Ministro.
“O nosso défice e’ tempo para conseguirmos fazer com rapidez. Aqui é onde temos problemas sérios, quer dizer exiguidade de tempo”, acrescentou.
Sobre as principais fontes de financiamento, face aos montantes avultados envolvidos, Zucula disse que a maioria dos fundos são provenientes do sector privado.
O governo planifica a construção de infra-estruturas em função dos projectos existentes, que depois são financiados pelo sector privado quando se apercebe da existência de garantias para o retorno do seu investimento, através de um esquema designado por BOT (Biuld-Operate-Transfer).
Geralmente, este modelo é concebido como uma mistura de financiamentos de entidades privadas através dos seus accionistas, empréstimos bancários e, algumas vezes, por meio de financiamentos públicos.
Os accionistas assumem os riscos, recebendo como contrapartida pelos seus investimentos dividendos, enquanto a recompensa subsequente do Estado é obter uma infra-estrutura que de outro modo teria de ser financiada a partir do seu orçamento.
Contudo, existe uma componente calculada em 30 por cento, que consiste em créditos de instituições financeiras internacionais, tais como o Banco Mundial, sobretudo na área das estradas e pontes. A
AIM questionou o Ministro a razão pela qual ele próprio nao se faz transportar numa viatura movida a gás como forma de incentivar que um maior numero de pessoas adira aos apelos do governo para a conversão de combustíveis líquidos a gás natural.
Refira-se que a Autogas, uma companhia moçambicana que esta envolvida no processo de conversão de viaturas, tem-se queixado da fraca adesão a iniciativa. “Espera ate ao próximo ano e verás. Em Janeiro já me vais ver num carro movido a gás”, disse o Ministro.
– Isso é mesmo sério?, insistiu a AIM.
“Estou convencido que quando chegar a casa o meu carro (movido a gás) também já terá chegado. Mas já transformamos alguns dos nossos carros. Os carros de expediente já estão a andar a gás”, disse o Ministro. – E noutras instituições do Estado?, perguntou a AIM.
“Isto é um plano grande, um plano que envolve muitos custos. Você tem que pesar os riscos. Tem que começar com um passo pequenino. Se você tentar dar cinco passos de uma vez pode correr mal … vamos dar o exemplo, vamos transformar alguns dos nossos carros a gás. No próximo ano vamos importar alguns carros para nós mesmos. São carros híbridos de eléctrico/ diesel que ainda vão ser mais baratos que a gás”, concluiu o Ministro.