– Casa 2 tem de saber seu lugar! Comportar-se pah! Agora, comigo – paragem brusca para reformulação – Quer dizer, quando eu fazia essas coisas, se casa 2 vem aqui e me vê com minha mulher, que ela pode nem saber se é minha mulher ou não! E fica a fazer gracinha, a mandar sms e não sei mais quê! Pah, não dá! É para chegar e fi car dis-cre-ta! Sem palavra, olhar só. Ou nem olhar! Nem mostra que me conhece!
– Porque casa 2 que sabe se comportar normalmente passa a casa 1. Sim, porque casa 2 não é primeira, é segunda.
Casa 2 não está feliz, casa 2 tem plano. Casa dois quer subir. E para que este interesse se mantenha o seu homem faz surpresas, carinhos, mimos mesmo, deste género:
– Onde é que estás que eu passo aí? Tipo, passo aí onde estás, eu vou e não me comprometo, porque tu estás aí, não combinei contigo, e passo, eu estou de passagem, por isso não sou bem eu, não me vou expor nem desenvolver muito o que quero dizer, ou fazer. E não vou sozinho, não! Damo vai com brada, chega em grande estilo, e antes de se dirigir sequer a casa 2 ele dá um giro no espaço, mede os adversários, o ambiente, e aí sim, dá o beijinho que não compromete, aperta a mão de quem não conhece e talvez até sente um pouco, talvez… mas tá busy, não vai ficar, vai bazar. Ou fazer para ela o olhar de “vamos?” e não importa se ela está com amigas ou amigos, família ou patrões, ela vai. Se não já, mais logo, mas ela vai. Ser casa 2 é isso, ficar em standby dias inteiros, e receber em doses homeopáticas as frases:
– Estou na tua zona.
– Anda.
– Sobe.
– Desce.
– Vem me apanhar. Mas não te zangues já com este homem, nem penses que é cruel, porque não foi ele! Ele não ligou e disse “não saias de casa! se sais dou-te porrada!”
Não, ele não mandou.. ele… pediu. Ele manda mensagem:
– Estou ao lado da tua casa – e casa 2 se está corre à janela, toma banho, penteia o cabelo. Mas entre esta e a segunda mensagem podem passar minutos… ou horas… Ela não insiste, porque casa 2 não pede, casa 2 recebe.
Casa 2 não romantiza, disponibiliza. Casa 2 não comenta, casa 2 senta. Casa 2 não confronta, leva afronta. Casa 2 não exige, agradece. Agradece que no coração e na agenda deste homem haja um lugar para ela. E na segunda mensagem pode vir uma provocação, uma promessa, uma insinuação. E casa 2 vibra!
E se não está em casa começa a pensar em regressar, fica nervosa no djob, encurta as compras ou termina o chá com as amigas, no ginásio desliga a máquina e já nem vai à piscina. Para apaixonada este pode ser o momento alto da semana e ela corre para ele. E em casa compõe a mesa, aumenta cerveja na geleira e talvez acenda mesmo uma vela. E depois de 30 minutos, talvez 40 vem outra mensagem:
– Ysh, esse djob! Tou busy. Mas tou na tua zona, gostava de te ver. E a desilusão da primeira parte da frase é largamente ultrapassada pela promessa da segunda. E casa 2 senta, e espera… durante toda a tarde o seu homem vai mantendo viva a chama, em promessas e sugestões, ela espera. Ele viaja amanhã talvez… espera.
E enquanto espera a generosidade de um minuto do seu homem, enquanto cancela jantares e não combina saídas, adia férias e lamenta fins-desemana casa 2 fica assim, e envelhece.