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Dilma e Serra têm “guerra” de 4 semanas pela Presidência do Brasil

Dilma Rousseff (PT) ganhou a primeira volta, mas sem garantir a sua eleição este domingo mostrou um abatimento que contrastou com um revigorado José Serra (PSDB), impulsionado ao segundo turno pelo crescimento final de Marina Silva (PV). Com 99,95 por cento dos votos apurados, a petista tinha 46,90 por cento dos votos válidos, Serra somava 32,62 por cento e Marina, 19,34 por cento.

“Quero dizer que nós vamos à luta e nós vamos à vitória. Vamos à vitória com os mesmos ideais democráticos que nos trouxeram até aqui”, disse Serra a militantes. A primeira grande batalha da campanha da segunda volta será a busca do apoio de Marina e do PV. Serra aproveitou para fazer um primeiro gesto já na noite de domingo ao “congratular a Marina… ela contribuiu para o jogo democrático no Brasil”.

Mas a candidata verde deixou claro que haverá muita conversa antes de qualquer definição do PV sobre que caminho tomar, e que apoios nunca são automáticos. “O partido agora vai ter que fazer uma discussão nas suas instâncias, por respeito com quem fizemos alianças”, disse Marina a jornalistas, referindo-se a movimentos sociais e a intelectuais. E lembrou: “O voto não é da Marina, não é do Serra e não é da Dilma. O voto é do eleitor”.

Enquanto isso, depois de estar, poucas semanas atrás, virtualmente eleita no primeiro turno, Dilma procurou manter o moral dos militantes, lembrando que os petistas são “guerreiros”. “Nós somos acostumados a desafios e somos de chegada. Tradicionalmente, a gente tem desempenhado muito bom no segundo turno”, disse Dilma.

Nas duas vezes que foi eleito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal cabo eleitoral, venceu na segunda volta de votação. Mas o resultado abalou integrantes da campanha petista, que alimentaram até o fecho das urnas esperanças de que Dilma fosse eleita este domingo.

A avaliação imediata entre os dirigentes petistas é de que a candidata perdeu fôlego no voto religioso, em especial entre os evangélicos. Marina, que é evangélica, teria se beneficiado dos ataques de líderes religiosos contra Dilma e o PT em temas como o aborto.

Dilma colou em Lula e apostou na transferência de votos do presidente, usando o horário eleitoral gratuito para mostrar sua ligação a ele e os feitos do governo nos últimos oito anos. Ignorou os ataques, as acusações e as denúncias. Tentou voar no céu de brigadeiro da popularidade de Lula, o que deu certo durante boa parte do tempo. Mas perdeu o apoio de antigos eleitores petistas desiludidos com o escândalo envolvendo Erenice Guerra, ex-auxiliar de Dilma, na Casa Civil, que migraram para Marina. Vai precisar mais do que a força de Lula para ser eleita.

Serra, por seu lado, tem nas próximas semanas a chance de encontrar um foco adequado para sua campanha, que até agora tentou não trombar com Lula e se mostrava como um candidato da continuidade ao mesmo tempo que sua campanha atacava Dilma e o PT.

DEBATE DE IDEIAS?

A expectativa agora é de que a segunda volta possa trazer a discussão de propostas e ideias que não aconteceu nas últimas semanas. “O segundo turno entre Dilma e Serra é uma forma de o Brasil analisar as propostas de uma forma mais criteriosa: haverá um debate maior sobre o que país precisa e quais as novas opções”, disse o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Paulo Safady Simão.

O economista-chefe do Banco Safra Investimento, Cristiano Oliveira, vai na mesma linha. “Ambos os candidatos terão que ser mais explícitos em seus programas de governo, e também no campo econômico. O debate que não ocorreu no primeiro turno vai ter que haver no segundo”, disse Oliveira.

A boa notícia, especialmente quando se compara às eleições de 2002, quando o temor da eleição de Lula trouxe enorme turbulência aos mercados financeiros e à economia, é que desta vez não se espera muita agitação. “Do lado financeiro não espero volatilidade com o segundo turno, porque o mercado não acredita que haverá grandes mudanças”, resumiu o economista-chefe da corretora Souza Barros, Clodoir Vieira. “Acho que o mercado vê da seguinte forma: Dilma sendo eleita, daria continuidade às políticas de Lula, enquanto a visão para o caso de Serra vencer não é muito diferente, ao menos na área econômica”, acrescentou.

Os candidatos devem ter pelo menos dois debates na TV nas próximas semanas: na Bandeirantes, que tradicionalmente faz o primeiro encontro de cada turno, e a na Globo, que sempre encerra as campanhas.  

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