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Os prejuízos da EDM e a sua responsabilidade social

O Presidente do Conselho de Administração da Electricidade de Moçambique (EDM), Manuel Cuambe, anunciou que esta empresa pública teve prejuízos acima dos 40 milhões de meticais, durante o primeiro semestre do presente ano, somente na região norte do País. Este anúncio foi feito na cidade de Nampula, no termo da primeira das três reuniões regionais que o colectivo da direcção da empresa realizou recentemente.

As perdas avançadas pelo PCA resultam da sabotagem e roubo do material eléctrico e das ligações clandestinas realizadas em diferentes pontos das três províncias da região, nomeadamente, Cabo Delgado, Nampula e Niassa.

São valores que, segundo fonte autorizada da empresa, não podem garantir a electrificação de uma vila distrital, como, por exemplo, o distrito de Monapo, na província de Nampula.

Mas, são mais que suficientes para a empresa resolver inúmeros problemas que a apoquentam, que, quanto a mim, são tantos, incluindo, até, o pagamento de salários de tantas áreas de distribuição ou a construção de infra – estruturas sociais para os seus trabalhadores e dependentes destes.

Mencionei o exemplo do distrito de Monapo porque ao nível da província de Nampula foi onde ocorreram, em princípios do ano passado, roubos e vandalismos espectaculares de material eléctrico da empresa, facto por mim reportado na altura no semanário Magazine Independente.

Digo roubos e vandalismos espectaculares por os mesmos terem ocorrido nas “barbas” da Polícia e da própria empresa distribuidora de electricidade em Monapo.

É difícil compreender como é que os gatunos conseguiram, na altura, roubar centenas de metros de cabos eléctricos, incluindo candeeiros de iluminação pública, num local próximo do controle policial e na entrada da vila, a escassos metros do comando distrital da Polícia e da piquete da EDM.

A incompreensão destes actos levantou, na altura, suspeitas sobre quem, efectivamente, protagonizou estes roubos: se simples grupos de ladrões ou ex – trabalhadores da EDM que se sentiram lesados com a política de redimensionamento da mão – de – obra levada a cabo pela empresa.

O antigo administrador de Monapo, Fernando Saíde, pendia as suas suspeitas pelo segundo grupo de gatunos pela mestria com que executavam a sabotagem, culpabilizando, até, a EDM por ter “contribuído” para o surgimento desses bandos, devido à sua má politica de redimensionamento.

Saíde acrescentaria que a empresa nada fazia em relação à sua responsabilidade social, propondo que aquela devia constituir e incentivar equipas de jovens nalgumas comunidades, para velarem pelo material da instituição, já que nem escolas, nem outras infra – estruturas sociais construía para o bem dos aldeões.

São opiniões pessoais, mas que a EDM devia tomá – las em consideração e, talvez, pô – las em prática, se bem que ela se demitiu da sua responsabilidade social.

Tempo depois destes espectaculares roubos, a Policia prendia, num dos distritos da província de Inhambane, um camião transportando certa mercadoria, mas com material eléctrico escondido por baixo de sacos da referida carga.

Supunha – se que a viatura saísse de uma das províncias do norte do País. Irónica e surpreendentemente, a viatura e a respectiva carga era liberta por um tribunal desse distrito, sob alegação de falta de provas!

Quer dizer, há falta de provas quando a empresa se queixa de roubo do seu material, a Polícia prende os respectivos ladrões e o tribunal liberta – os…

Há relatos similares de libertação de indivíduos, mesmo encontrados em flagrante com esses materiais, o que me leva a concluir que os esforços da EDM virados a estancar a onda de roubos do seu material enfrentam dois inimigos: os bandidos e os órgãos da administração da Justiça.

Em conversa com diferentes funcionários seniores da EDM tenho os questionados porquê a empresa não adopta medidas mais drásticas, electrificando as torres que transportam energia, cujas componentes, tais como as cantoneiras, têm sido as mais preferidas pelos vândalos.

A resposta tem sido lacónica: isso iria afectar camponeses inocentes e animais. Mas, a empresa esquece – se que esses ladrões saem do seio dos próprios camponeses. Por outras palavras, são esses mesmos camponeses que roubam as cantoneiras e/ou deixam – nas roubar.

Por isso, impõe – se que a instituição adopte outras medidas de prevenção de roubo do seu equipamento, caso não os prejuízos estarão sempre a subir.

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