O Estádio Municipal de Chimoio foi, esta terça-feira, o coração de uma Manica orgulhosa, que ofereceu ao país um espectáculo que a história há-de tornar um momento memorável. Durante 245 minutos, o Estádio tornou-se o local quase perfeito para viver, com uma cerimónia de abertura do VI Festival Nacional de Cultura que a organização transformou numa demonstração de diversidade cultural, riqueza civilizacional e uma síntese de Moçambique.
Às luzes, trajes, ritmos e coreografias que encheram os olhos aos 15 mil espectadores juntou-se uma sensação de harmonia rara num país repleto de diferenças culturais. “Este Festival abre à possibilidade de colocar em contacto o que é conhecido há muito tempo por poucos moçambicanos com o que é conhecido há muito tempo por muitos compatriotas nossos.”
A frase de Presidente da República, Armando Guebuza, na mensagem de abertura do evento, deu mote para um dia em que Moçambique, através do festival, apelou a uma união do mosaico cultural, possível durante cinco dias. A segurança e o tempo preocupavam muito a organização do Festival, mas a tensão das primeiras horas do dia esfumou-se assim que deram início à cerimónia. Já mais ninguém se lembrou da segurança apertada e do atraso de 40 minutos – em que a cara de todos os espectadores ficou registada no momento da entrada – e do stress estampado no rosto dos voluntários que tentavam colocar toda a gente a horas dentro do estádio.
Todos os temores caíram no esquecimento, os presentes (15 mil pessoas, segundo a organização) arrepiaram-se com o espectáculo preparado pelas crianças de Sussundenga, que concentrou magistralmente a história milenar da Manica em cerca de 15 minutos, com 400 figurantes a darem corpo à dança “Xitonda”. A glória da província foi evocada por imagens de escrita, pelo Hino Nacional cantado formandos do Instituto de Formação de Professores de Chibata, pelo desfile das delegações provinciais e por mil e uma coreografias e luzes, que criaram uma atmosfera inigualável num recinto que, por si só, não é impressionante.
Desfile da nossa diversidade
Após o desfile das 11 delegações – uma síntese da nossa diversidade –, a longa e espectacular cerimónia terminou com mais um ponto alto, quando o grupo de percussão de Instituto de Formação de Professores de Chibata, com quatrocentos batuques encerrou, com chave de ouro, uma cerimónia que deve orgulhar o povo de Manica.
Com o Festival já aberto, os habitantes do primeiro dia mágico do Estádio Municipal de Chimoio viram uma sessão monumental da dança “Mutxonoyo”. Terminava assim a primeira festa com que o município de Chimoio sonhava há dois anos.