Está a decorrer hoje, em Maputo, um Simpósio sobre Ergonomia em Moçambique organizado pela Embaixada dos Estados Unidos da América, através da Agência para o Desenvolvimento Internacional (USAID). O evento, enquadrado no âmbito do Programa AgriFUTURO, tem como objectivo criar uma reflexão em torno do desenvolvimento de sistema de trabalho dos parceiros daquele programa e procurar estabelecer uma agenda para o desenvolvimento ergonómico em Moçambique, assumindo que o sistema de desenvolvimento do trabalho é parte integrante do desenvolvimento de uma economia.
O Programa AgriFUTURO foi lançado em Moçambique em Maio do ano transacto e conta com um financiamento do Governo dos Estados Unidos da América através da sua USAID, de cerca de 25 milhões de dólares americanos, com o intuito de promover mais competitividade, prosperidade e comércio internacional sustentável ao sector privado agrícola de Moçambique.
O encontro conta com a presença de potenciais investidores, sector público, agências de financiamento, instituições de pesquisa, representantes de pequenos produtores da indústria poedeira, especialistas e parceiros ao longo das cadeias de valor da fruta, soja, caju e florestas em Moçambique.
A partir das apresentações e discussões decorrentes do simpósio, os participantes irão propor uma possível agenda para futuras pesquisas e práticas para o desenvolvimento ergonómico em Moçambique.
Durante a sua apresentação, o especialista em assuntos de sistemas de trabalho, Brad Paul comentou que a mão-de-obra para “o desenvolvimento da agricultura em Moçambique é subestimada”, acrescentando ainda que é “preciso investir em novas tecnologias para alterar a situação actual das fábricas”, além de integrar os pequenos agricultores no processo de produção.
O estudo realizado pelo especialista dá conta de que 40% dos trabalhadores das fábricas na província de Nampula são do sexo feminino e que a maioria dos operários não projectam o desenvolvimento profissional, apenas estão preocupados em obter dinheiro para a sua sobrevivência.
Na avaliação feita sobre as actividades anteriores, concluiu-se que, nas áreas geográficas onde o Programa AgriFUTURO e parceiros tenham tido impacto, houve mudanças significativas nas formas de trabalho, além de, apesar de se reconhecer a importância da técnica ou aspectos de domínio de trabalho, subestimar-se os factores humanos, nomeadamente os sociais, os psicológicos ou cognitivo e a dimensão comportamental do trabalho. Dimensões estas que causam impacto na segurança do trabalhador, adopção de tecnologias assim como na produtividade e na qualidade do produto.