Na segunda jornada do Grupo F do Campeonato do Mundo da FIFA África do Sul 2010, o Paraguai derrotou a Eslováquia por 2 a 0, em Bloemfontein, e saltou para a liderança do Grupo, com quatro pontos e está a um passo de garantir o apuramento para os oitavos de final.
Com uma postura muito mais solta em campo do que no duro confronto com os campeões mundiais, que terminou com uma igualdade, em intenção já exprimida pelo técnico Gerardo Martino que lançou Roque Santa Cruz no lugar de Aureliano Torres, a seleção albirroja teve amplo domínio das ações contra os eslovacos, que têm um ponto e ainda poucas chances de classificação a fase seguinte.
Depois do bom resultado na estreia (1 a 1 com a Itália), o Paraguai foi a campo com uma formação mais ofensiva. O treinador Gerardo Martino decidiu escalar Roque Santa Cruz no lugar de Torres, formando um trio de atacantes (junto com Barrios e Valdez). E foi exatamente Santa Cruz quem teve a primeira grande chance da partida.
Com três minutos de jogo, o experiente atacante de 28 anos recebeu na entrada da área e mandou para a baliza. A bola desviou em Skrtel e exigiu que o guarda-redes Mucha voasse para espalmá-la no canto esquerdo. O treinador Vladimir Weiss, após o decepcionante empate com a Nova Zelândia (1 a 1), também mexeu na Eslováquia, realizando três alterações: as entradas de Pekarik, Kozak e Salata nos lugares de Cech, Zabavnik e Jendrisek, respectivamente.
Mas as mudanças não geraram um melhora no desempenho da equipa, que apresentou enormes dificuldades de passar do meio-campo, com um alto índice de passes errados (38% na metade inicial do primeiro tempo). E sem conseguir dar um remate a baliza sequer nos primeiros 35 minutos. E num erro na saída de bola, o selecionado europeu quase sofreu o primeiro golo aos 18 minutos. Riveros recebeu na meia-lua e chutou forte. Mucha defendeu no centro da meta, com dificuldade. O arqueiro voltou a levar um susto aos 22, quando Barrios deu belo passe de calcanhar para Valdez, recebeu de volta e mandou a bola rente ao travessão.
Até que aos 28 minutos o golo paraguaiu chegou, na sequência da marcação de um livre na lateral pelo Paraguai, Skrtel defendeu mal e a bola sobrou para Lucas Barrios, que deu lindo passe para Vera. A bola passou por entre as pernas de Salata e chegou ao meio-campista, que, apesar de marcado por dois adversários, foi rápido ao concluir de pé direito, com categoria, longe do alcance de Mucha.
O golo serviu para acordar os eslovacos. Se continuaram errando muitos passes, a equipe europeia pelo menos passou a demonstrar mais disposição. E conseguiu o primeiro remate a balizia aos 37 minutos, quando, após cobrança de um canto, Salata subiu mais que os marcadores, mas cabeceou por cima. Mas no minuto seguinte, por muito pouco a Eslováquia não sofreu o segundo. E numa nova falha na saída de bola. Kozak perdeu a bola perto da entrada da área para Valdez. O atacante foi desarmado, mas a bola sobrou para Santa Cruz, que invadiu a área e arrematou. Mucha salvou com o pé direito.
Apesar da atuação decepcionante da equipa, Vladimir Weiss decidiu não mexer na formação para a segunda parte. A equipe voltou a campo mais ligada, mas a maior deficiência continuou: a saída do campo de defesa. Consciente da dificuldade do rival, os paraguaios marcavam a saída de bola, complicando ainda mais a vida dos oponentes. Com a vantagem, o Paraguai veio para segundo tempo sem o mesmo ímpeto da etapa inicial, aguardando uma chance de partir no contra-ataque.
A Eslováquia passou a ter mais posse de bola e passou a apelar para jogadas áreas, lance que originou o golo da equipe diante da Nova Zelândia. Mas a dificuldade técnica da equipe ficou evidente. Hamsik, artilheiro do Napoli na temporada e principal responsável pela armação de jogadas da Eslováquia, teve atuação apagada.
E foi o Paraguai que esteve mais perto de balançar a rede. Santa Cruz escapou pela esquerda aos 27 e cruzou. Na marca do penalti, Vera cabeceou e mandou a bola rente à trave direita. O lance ocorreu no momento em que o treinador paraguaio já havia deixado claro que queria manter o resultado, após tirar um atacante (Valdez) e escalar um médio (Torres).
Na Eslováquia, o treinador finalmente decidiu reforçar o sistema ofensivo aos 38 minutos, colocando o atacante Sotch no lugar do defesa Salata. Mas a mudança não melhorou em nada o desempenho da equipa, um dos piores do Mundial até aqui. E o sonho eslovaco de chegar às oitavas de final na primeira Copa que disputa como país independente tornou-se ainda mais difícil aos 86 minutos.
Os paraguaios Da Silva e Cardozo atrapalharam um ao outro na área adversária, mas a bola chegou até Riveros, que chutou bem, sem defesa para Mucha, marcando o segundo golo guarani. A Eslováquia ainda teve uma oportunidade de diminuir nos acréscimos, quando Vittek chutou forte, e o guarda-redes Villar espalmou.
Mas o golo não seria justo para uma equipe que apresentou muito pouco para um representante do forte futebol europeu. E que agora terá que bater a atual campeã Itália se quiser seguir no Mundial.
Já o Paraguai provou que é uma força ascendente no futebol sul-americano, ficando em excelente condição até para ser o primeiro da chave e evitar um indesejado duelo nas oitavas contra a Holanda, provável primeira colocada da chave E.