“Vamos! Ânimo!” A exasperação e a urgência mesclam-se nestas palavras de estímulo lançadas pelos passageiros de um autocarro ao motorista que os transporta a Polokwane, no nordeste da África do Sul e onde decorreu a partida entre França e México esta quinta-feira. Um carro está estacionado na saída da estação de autocarros de Johannesburgo e o autocarro vai demorar mais de quinze minutos para deixar o beco sem saída em que está. Após este obstáculo, o trajeto é realizado sem problemas, com música mexicana ao fundo, vindo dos alto-falantes do veículo. Mas esse detalhe não é suficiente para acalmar os fãs de futebol estrangeiros, que foram à África do Sul para assistir à Copa 2010.
“Não posso mais!”, afirma Jorge Caraccioli, um hondurenho-americano que usa um grande chapéu mexicano na cabeça. “Não há nenhuma organização. Quando alguém pede informações, as pessoas respondem ‘sinto muito, não sei de nada'”, conta. Na véspera, o engenheiro de 27 anos estava em Nelspruit para ver a partida entre Honduras e Chile com seu irmão. “O motorista não sabia onde parar e deixou-nos num local mal localizado. Foi muito stressante”, acrescenta.
A África do Sul disponibilizou diversas linhas de autocarros e comboio entre as nove cidades sede da competição, especialmente para os dias de partida, mas os operadores do serviço foram escolhidos com atraso, e os empregados não foram bem instruídos.
Erdhuan Sofhian é testemunha desta situação. O cidadão de 32 anos de Cingapura viveu “uma experiência horrível” a tentar chegar a Port Elisabeth (sul) para o jogo Portugal-Costa do Marfim, na terça-feira. “O motorista sabia que encontraria neve na estrada, mas partiu mesmo assim, e ficamos parados por cinco horas”, conta. Finalmente, o veículo foi socorrido pelos serviços de emergência e pôde seguir seu destino, chegando ao estádio no segundo tempo. Mas não adiantou, pois o adepto encontrou as portas fechadas.