O receio de “morrer” na praia de Port Elizabeth foi mais forte do que o futebol praticado no Estádio Nelson Mandela Bay entre Portugal e Costa do Marfim no jogo que abriu a disputa do Grupo da “morte” do Campeonato do Mundo da FIFA.
As duas seleções entraram para o relvado molhado,o jogo disputado sob muito frio e alguma chuva na segunda parte, para não perder e o empate sem golos foi sem dúvidas o resultado mais acertado para um jogo extremamente equilibrado, onde nem Cristiano Ronaldo ou Didier Drogba tiveram arte para levar as suas equipes à vitória.
O jogo começou lento e com as equipas a recearem-se mutuamente, nada mais natural num jogo de estreia do Mundial. Quando Ronaldo decidiu mexer com os acontecimentos, aos 11 minutos, esperava-se que esta terça-feira fosse o último dia do seu jejum de golos pela seleçáo das quina. O número sete recebeu a bola de costas para a baliza, com um fantástico toque de calcanhar tirou um adversário do caminho e, de muito longe, rematou com muita força e a bola foi devolvida pelo poste da baliza de Barry. Mas o ketchup tuga ainda precisa de ser muito agitado para que os golos aconteçam.
A Costa do Marfim respondeu com um livre directo de Tiene que, de pé esquerdo, fez a bola passar relativamente perto da baliza de Eduardo. Logo a seguir, foi Tiote a tentar a sua sorte, mas, mais uma vez, a bola não acertou na baliza de Portugal. Aos 23 minutos, Gervinho ganhou um ressalto sobre Ricardo Carvalho já dentro da área, mas quando se preparava para rematar surgiu Paulo Ferreira a fazer um corte providencial.
O intervalo chegou sem que nenhuma das selecções conseguisse a levar perigo à área contrária, o que se alterou logo no segundo minuto da etapa complementar, com um remate cruzado de Gervinho a assustar Eduardo. Já depois de Kalou ter testado a atenção do guarda-redes português e de Simão ter entrado para o lugar de Danny, Deco teve uma boa iniciativa pela esquerda e cruzou para o cabeceamento de Liedson que, no entanto, saiu direitinho para as mãos de Barry.
O jogo ganhava mais velocidade por esta altura, mais emoção, e, aos 66 minutos, o Estádio Nelson Mandela Bay fez uma enorme festa, nâo era um golo mas Didier Drogba que foi lançado em campo por Sven-Goran Eriksson.
À entrada do último quarto de hora, os adeptos portugueses e moçambcanos nas bancadas julgaram que ainda poderiam comemorar um golo, com os remates sucessivos de Raul Meireles e Cristiano Ronaldo a levarem as bancadas a animar mas enganaram-se. Meireles acabaria por ser substituído, com Carlos Queiroz a lançar Rúben Amorim para o seu lugar. O médio do Benfica estreou-se, assim, em jogos oficiais por Portugal, depois de ter sido o último elemento a juntar-se ao grupo, substituindo o lesionado Nani.
À medida que o final do jogo aproximava-se as duas selecções cada vez mais procuraram não cederem qualquer oportunidade ao adversário do que em vencer o jogo. Cristino Ronaldo foi eleito o melhor jogador do jogo, nada mais errado. Protagonista foi Fabio Coentrão que, no lado das quinas, e que não perdeu um único duelo no corredor esquerdo e Gervinho, brasileiro naturalizado costamarfinense, entrou para colmatar a diminuição física de Dorgba e deu muito trabalho aos pupilos de Carlos Queirós, pelas alas pelo centro foi incansável.