Ao afirmar que o desempenho das suas direcções provinciais é de “alto nível”, o Ministério moçambicano dos Combatentes está a desmentir as queixas dos antigos combatentes que reclamam pela demora da tramitação dos seus processos de pensões. A questão das pensões dos antigos combatentes tem sido largamente apresentada ao Presidente da República, Armando Guebuza, durante as suas visitas de trabalho as províncias moçambicanas.
Durante a sua recente visita a província de Cabo Delgado, por exemplo, diversas pessoas manifestaram-se preocupadas por não estarem a receber as suas pensões devido a demora na tramitação de documentos necessários para o efeito.
O relatório do Governo provincial sobre a implementação do Plano Económico e Social (PES) no ano passado não avança nenhum dado sobre a atribuição de pensões a este grupo social, mas diversos antigos combatentes da cidade de Pemba bem como dos distritos de Montepuez, Macomia e Nangade manifestaram o seu descontentamento pela forma como estão sendo tratados pelas autoridades que lidam com a matéria.
Em Montepuez, por exemplo, um cidadão de nome Horácio Mesa, residente no Posto Administrativo de Mapupulo, disse que há antigos combatentes que solicitaram os seus cartões há já quatro anos, mas até agora não foram emitidos. “Estamos a chorar muito”, disse, por sua vez Filomena Agostinho, do Posto Administrativo de Mucojo, distrito de Macomia, questionando que “os antigos combatentes de Macomia quando se inscrevem são considerados crianças. Estes não existem em Macomia… Porque não dão aos velhos o que é do seu direito?
Outra reclamação apresentada em Mucojo é de Paulino Tale. Segundo ele, em Chai, Macomia e Mucojo existem antigos combatentes que se inscreveram por cinco vezes, mas os seus nomes não aparecem na lista dos beneficiários das pensões. Em Nangade, também existem antigos combatentes que dizem esperar pelas suas pensões há mais de três anos. “Eu chamo-me Seveliano Ponda, ingressei nas fileiras da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique) 1963. Já me inscrevi por quatro vezes, mas o meu nome ainda não saiu. Hoje passam mais de 10 anos”, disse um antigo combatente do distrito de Nangande.
Em Pemba, o problema é tão grave que já atingiu conotações de tribalismo. Um antigo combatente local queixou-se ao Chefe do Estado, dizendo que “os únicos antigos combatentes reconhecidos são os do distrito de Moeda (Norte da província onde houve massacre em 1960)”.
Entretanto, um comunicado de imprensa recebido hoje pela AIM indica que o Ministério dos Combatentes já fixou, em todo o país, cerca de 59 mil pensões, uma cifra correspondente a 97 por cento do universo de (61 mil) antigos combatentes existentes ao nível nacional. “Este sucesso está aliado a um alto nível de desempenho das Direcções provinciais na tramitação célere dos documentos dos combatentes”, refere o comunicado de imprensa que versa sobre a visita do titular da pasta dos Combatentes, o Coronel na Reserva Mateus Kida, a província de Maputo.